Sacha Jenkins, jornalista e documentarista, morre aos 54 anos
O mundo da cultura urbana, do rap e do audiovisual perde um de seus grandes nomes: Sacha Jenkins, jornalista, escritor e documentarista, faleceu nesta sexta-feira (23), aos 54 anos, em sua casa em Nova York, devido a complicações de múltiplas atrofias sistêmicas, segundo informou sua esposa, Raquel Cepeda, ao The Hollywood Reporter.
Um pilar do jornalismo hip-hop
Nascido na Filadélfia, Jenkins iniciou sua trajetória como uma voz fundamental na documentação da cultura hip-hop. Foi ele quem fundou, ainda nos anos 90, a revista Graphic Scenes & Xplicit Language, uma das primeiras publicações dedicadas à arte do grafite. Em seguida, cofundou o jornal Beat Down ao lado de Elliott Wilson, com quem também lançou a icônica revista Ego Trip, referência máxima na intersecção entre hip-hop e skateboarding.
Sua carreira como escritor o levou a colaborar com algumas das maiores publicações do mundo, como Spin, Rolling Stone e Vibe, onde atuou como editor musical e escritor especial. Jenkins foi um dos primeiros a dar visibilidade séria à cultura de rua e ao rap nas páginas das grandes revistas.
A voz dos documentários
No cinema, Jenkins encontrou uma nova forma de contar histórias e deu voz a personagens centrais da cultura musical e urbana. Dirigiu e escreveu filmes como Fresh Dressed, sobre a moda no hip-hop, All Up in the Biz, sobre Biz Markie, e Bitchin’: The Sound and Fury of Rick James. Sua paixão por narrativas potentes o levou a ser indicado ao Emmy pelo documentário Wu-Tang Clan: Of Mics and Men, que explorou a história de um dos grupos mais icônicos do rap mundial.
Outros trabalhos notáveis incluem Everything’s Gonna Be All White, You’re Watching Video Music Box, Rolling Like Thunder, City Girls Point Blank Period e Cypress Hill: Insane in the Brain. Em Louis Armstrong’s Black & Blues, Jenkins expressou sua admiração pelo lendário músico: “Ele era uma pessoa muito especial, que tinha uma visão profunda e uma essência criativa única. Ele foi movido pela criatividade, e isso me inspira”.
Um legado que ultrapassa gerações
Jenkins não foi apenas um jornalista ou documentarista — ele foi um construtor de pontes entre culturas. Suas obras mostraram que o hip-hop é mais que música: é um movimento, uma linguagem, uma forma de arte que conecta pessoas em todo o mundo.
Sua morte deixa um vazio, mas também um legado para quem segue contando histórias. Para o mundo da cultura hip-hop e para quem acredita no poder do cinema e do jornalismo como agentes de transformação, Sacha Jenkins será sempre lembrado como uma voz autêntica, provocadora e essencial.
Sou Bruno “CRIAA” Inácio, desde 2002 falando sobre Rap na Internet, editor-chefe da Rapgol Magazine, onde conecto os universos do rap e do futebol com conteúdo autêntico e relevante. Com foco na curadoria de histórias que refletem a essência da cultura urbana, também assino artigos e entrevistas que destacam a voz dos artistas e a vivência das ruas.