Share
Em FUNK

Salvador da Rima Lança “Arte Como Crime”, Álbum de Estreia que Transforma Vivência em Manifesto Político

por CRIAA · 11 de dezembro de 2025

A Virada Consciente: Da Dor à Mensagem

O rapper Salvador da Rima marca sua transição para uma fase mais madura e consciente com o lançamento de seu primeiro álbum de estúdio, “Arte Como Crime”. O projeto, que chega às plataformas nesta quinta-feira (11/12), traz 9 faixas e um interlúdio, consolidando a voz do artista como um panorama sincero da realidade periférica.

O próprio Salvador define o tom do trabalho: “‘Arte Como Crime’ é minha forma de transformar dor em mensagem e verdade em melodia. Se a arte incomoda, é porque tem algo ali que precisa ser ouvido”.

O Discurso Não Pode Ser Silenciado

O álbum abre com um “Interlúdio” falado, que funciona como um manifesto direto sobre como desigualdade, cultura periférica e resistência são tratadas pelo Estado. A partir daí, o disco desdobra o conceito faixa a faixa, guiado pela produção de Gustavo Martins.

  • Crítica Social e Política (Faixa Foco): O ápice político é alcançado em “Governantes”, com a participação de MC Cebezinho. A denúncia é direta, contrastando a realidade da favela com o luxo dos poderes públicos: “Governante do Estado viaja de carro novo / Bebe whisky importado com o dinheiro do povo”.
  • Criminalização da Cultura: A faixa-título, “Arte Como Crime”, com Janderson Fundação e Magrão AllFavela, aprofunda o debate sobre a criminalização do corpo e da cultura periférica.
  • Contraste: A faixa “Hemisfério Racional” narra a desigualdade e a sobrevivência com versos fortes: “Nem sempre o lado que fala mais alto é o lado que tem razão”.

Espiritualidade e o Legado de Referências

O álbum não foca só na denúncia, mas também na resistência e na busca por força.

  • Conexão de Ídolos: “Papo com Deus” é um dos momentos mais emocionantes, trazendo a experiência de MC Neguinho do Kaxeta para um relato de vulnerabilidade e busca por cura. O refrão “Troquei o papo com Deus, Ele me escutou” reforça a fé como escudo.
  • Raízes: Em “Nascido Pra Liderar”, Salvador revisita suas influências, citando Racionais MC’s, Sabotage e MC Marcinho.

O disco fecha com “Não É Uma Música”, onde Salvador avisa: “Não idolatre ninguém, nem mesmo a mim. Ninguém é mais que você”. A arte é, no fim, resistência e sobrevivência.

Veredito RAPGOL

“Arte Como Crime” é a prova de que o rap de vivência continua sendo a voz mais crítica do Brasil. Salvador da Rima não se limitou a contar histórias; ele entregou um documento político e social. A participação de Neguinho do Kaxeta e Cebezinho fortalece a narrativa. Se a arte incomoda, é porque a mensagem de Salvador está sendo ouvida de verdade.

Você também pode gostar