Sant, LP Beatzz
e o Rap dos Novos Bandidos
Autor – Roger Morais
Sant é um daqueles artistas que você não pode deixar de fora da lista quando o assunto é Rap/Hip-Hop nacional, especialmente nessa última década que passou. Consegue trazer uma síntese entre originalidade, e a complexa e complicada vivência das ruas, sem deixar de lado o toque de romantismo.
O cantor é mais um cria das ruas da Zona Norte do Rio de Janeiro e com mais de 10 anos de carreira, soma mais de um bilhão de visualizações nas plataformas digitais de áudio e vídeo. E após uma pausa de pouco mais de dois anos na sua carreira profissional, Sant apresentou ao lado de LP Beatzz nesta semana o primeiro álbum de sua carreira, intitulado “Rap dos Novos Bandidos”, trazendo novos elementos como o Funk, o Grime, Drill e o Trap, e convidando artistas renomados e promissores como Costa Gold, SD9, VND, Tiago Mac, DJ Erik Skratch e MC Cidinho.
“É minha retomada, pessoal e profissional. ”
O disco busca explorar a identidade e representatividade de ambos, apresentando nos versos e na sonoridade a vivência cotidiana nos bairros periféricos das grandes cidades, buscando reforçar a extensa e rica cultura existente dentro das favelas do Rio de Janeiro. “É minha retomada, pessoal e profissional. O registro de um de nossos estilos de vida e um pouco de cada morador, correria, vagabundo e sonhador. Pra que a gente se veja na gente”, afirma Sant.
Nesse sentido, a RAPGOL Magazine não poderia perder a oportunidade de trocar uma ideia com o garoto. Em uma conversa exclusiva, o artista fala um pouco sobre a sua história profissional, o processo de criação do álbum, suas preferências dentro do futebol, além de trazer novidades que podem sair ainda este ano.
Fotos: Plush Music / Divulgação
“Eu só enxergo meu trabalho funcionando de forma saudável hoje porque me dediquei junto a pessoas de confiança”
RAPGOL Magazine – Muito obrigado por parar para conversar conosco, especialmente em um dos momentos mais importantes da sua carreira. Conta aí pra quem não conhece quem é o Sant e de onde ele é cria.
Sant – Valeu, família, eu quem agradeço. Eu sou um rapper da Zona Norte do Rio de Janeiro, filho de mãe solteira, correria igual a tu.
RAPGOL Magazine – Como foi o início de sua trajetória profissional e em que ano ela começou? Quais que você pode apontar como os maiores obstáculos enfrentados até então?
Sant – Aos 16 anos eu já tinha saído de casa para trabalhar com Hip Hop, isso era 2011. E o maior obstáculo sempre foi minha insegurança. Mesmo tendo amadurecido jovem, a maior força pra acreditar na minha parada sempre veio de fora pra dentro.
Minha mãe só demostrou algum sinal de respeito depois de algum sinal de dinheiro, por exemplo. Em contraponto todos meus amigos sempre se mantiveram ao meu lado enquanto se gastava mais energia, tempo e dinheiro do que qualquer outra coisa pra arrumar um trabalho na cena do Rap. Já eu, particularmente, até hoje tenho minhas dúvidas sobre mim (mermo sendo meu maior fã).
RAPGOL Magazine – Quais são as suas maiores referências musicais?
Sant – Fora do Rap, um bom samba antigo de raiz, certeza. Qualquer Fundo de Quintal, Paulinho da Viola, Jorge Aragão, Arlindo Cruz, Martinho da Vila, Zeca, Adoniran, Bezerra, o básico.
No Rap, eu curto tanto nacional quanto gringo, quase que na merma medida, hoje em dia: Mos Def, Nas, J Cole, Racionais, ADL, Tiago Mac, MC Marechal…
RAPGOL Magazine – Você acaba de lançar o primeiro álbum da sua carreira, intitulado “Rap dos Novos Bandidos”. Qual é a sua expectativa com relação ao retorno do público, e, especialmente, dos fãs?
Sant – Minha maior expectativa é fazer dessa entrega um novo marco em minha carreira. Um mais profissional em termos de organização e estrutura.
Realizar esse álbum foi um processo bem complicado, mas bastante produtivo nessa visão de reformulação de meus negócios. Não foi só um trabalho meu e do LP, muito importante ressaltar. Eu aprendi a delegar algumas funções e a confiar em mais pessoas. Espero que o público receba o projeto da melhor forma possível.
“Minha maior expectativa é fazer dessa entrega um novo marco em minha carreira. “
RAPGOL Magazine – O que haverá de mais presente no álbum?
Sant – Referência ao funk proibidão do final de 90 e ali pros 2000. E muita história do dia a dia do subúrbio e da favela.
RAPGOL Magazine – Quanto tempo levou e como foi o processo de criação do álbum?
Sant – A gente vem trabalhando nesse álbum há quase 2 anos. Como eu falei, foi bem complicado, mas pra mim, necessário e muito benéfico. Eu só enxergo meu trabalho funcionando de forma saudável hoje porque me dediquei junto a pessoas de confiança pra fazer disso possível.
RAPGOL Magazine – O que te levou a escolher os artistas que fazem participação em algumas das faixas?
Sant – Legitimação.
RAPGOL Magazine – Qual a mensagem que você busca passar com esse novo trabalho?
Sant – É que mesmo dentro dessa nova textura de som, tipo drill/grime/trap, eu tentei resgatar algumas visões antigas do nosso cotidiano, por isso as referências aos proibidões. Mantive meu discurso com base nas coisas que acredito e vivo, mas me provei disposto a adaptações.
RAPGOL Magazine – Qual o seu time de coração, e porque?
Sant – Flamengo. Meu tio Ricardo e Adriano Imperador.
RAPGOL Magazine – Quais são os três jogadores prediletos?
Sant – Imperador, Gaúcho e Romário.
RAPGOL Magazine – As suas três camisas de time favoritas.
Sant – Internazionale, Club America e Flamengo.
“Mantive meu discurso com base nas coisas que acredito e vivo”
RAPGOL Magazine – Um momento do futebol que jamais vai sair da sua cabeça.
Sant – 27 de julho de 2011.*
*Sant faz referência ao jogo entre Santos e Flamengo, na Vila Belmiro, ocasião em que o time carioca acabou levando a melhor por 5 x 4.
RAPGOL Magazine – De alguma das faixas do novo álbum, você tem a sua preferida?
Sant – PERTENCE AO CRIME. Pama me ajudou a compor essa.
RAPGOL Magazine – Além do álbum, o público pode aguardar alguma novidade do Sant ainda este ano?
Sant – A gente tem trabalhado em um disco de lovesongs.
RAPGOL Magazine – Qual a mensagem que você gostaria de deixar para o pessoal?
Sant – “É necessário sempre acreditar que um sonho é possível, que o céu é o limite e você, truta, é imbatível. Que o tempo ruim vai passar, é só uma fase. Que o sofrimento alimenta mais a sua coragem.”