Serena & Venus: O 1º Álbum de studio de Tasha & Tracie chegou com tudoo!

Serena & Venus: O 1º Álbum de studio de Tasha & Tracie chegou com tudoo!

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A RapGol tem o costume de abrir espaço para novas vozes, porque acredita que o jornalismo se fortalece quando diferentes olhares se encontram. Desta vez, quem assina é a jornalista Julia Pacheco, que marcou presença no evento de lançamento do novo primeiro álbum de studio de Tasha & Tracie e viveu de perto toda a experiência. O resultado está nesta matéria especial, preparada com cuidado e olhar atento. Agora, é a sua vez de mergulhar nesse conteúdo. Leiam com atenção — vale cada linha. – CRIAA


Serena & Venus: O 1º Álbum de studio de Tasha & Tracie chegou com tudoo!

Por: Julia Pacheco “Jornalista manauara. Escrevendo e vivendo cultura e esporte”

Nesta última quinta-feira (25/09), Tasha & Tracie lançaram seu primeiro álbum de studio: Serena & Venus. Em uma coletiva super intimista, as gêmeas compartilharam histórias por trás das tracks e detalhes íntimos sobre o processo criativo por trás deste projeto que já promete virar referência no rap nacional.

“Como a gente sempre quis contar essa história, a gente não vai contar da forma que as pessoas esperam” – Tracie Okere.


📸 Tasha e Tracie Okereke no lançamento de Serena e Venus (2025) – Foto: Isabelle Índia / Divulgação

O álbum (já listado como “Lado A”), composto por 21 tracks inéditas, é uma “crônica-sonora” que reflete a trajetória de vida do duo. O mesmo conta com diversos personagens, cenários e aborda temas como: solidão feminina, a realidade do sistema carcerário, os desafios da vida na periferia e parceria necessária para superá-los.

“A gente acessa muitos traumas, né? Então tem uma certa melancolia e uma certa agonia nesse ‘Lado A’”, complementa Tasha.

Apesar do tom profundo, o projeto marca uma nova era para as gêmeas:

“(O álbum) está marcando uma fase muito importante e muito diferente da minha vida – Sobre aprender a ser feliz. O começo de uma nova vida, sobre ser amada, ter um relacionamento feliz e tranquilo, poder almejar outras coisas. (…) A gente já tem quase 30 anos, e tá aprendendo a viver fora do estado de alerta, de sobrevivência.”


Uma nova era com um toque nostálgico

Com uma vibe nostálgica e “very close to home”, Tasha & Tracie trazem elementos que fizeram parte da infância delas e de muita gente!

Helen Helene, apresentadora do quadro “Lá vem a história” do programa infantil Rá-Tim-Bum, foi a estrela da intro do álbum, contando a história das gêmeas daquele jeito lúdico que já conhecemos e deixando todo mundo bem curioso para o que vem a seguir.

📺 (Helen Helene na intro de Serena E Venus | Lado A) – Reprodução: YouTube)

A estética analógica, numa era de filtros digitais, é como um sopro de ar fresco. Ela se faz presente em todo o material de divulgação e é tida como crucial para essa narrativa audiovisual.

Os desenhos em caneta azul (já icônicos) presentes na capa foram criados pelo artista Jota Guetto e fazem referência às cartas enviadas pela mãe das artistas, de dentro do presídio, às filhas. Feitas à mão e cheias de desenhos, enfatizam a conexão familiar e a memória afetiva que permeia o álbum e os clipes que vêm por aí!


Um lançamento de respeito

O disco conta com parcerias de peso. Entre os convidados divulgados, destacam-se Liniker, Bivolt, Bitrinho, Dona Kelly, Cecéu Muniz, Nath Fischer, MC Marks e DJ MF — cada colaboração aparecendo em momentos fundamentais, reforçando diferentes tonalidades e contribuindo com a narrativa do álbum.

Na produção, a assinatura de Pizzol, responsável por grande parte das batidas, aparece em 12 das 21 faixas; além dele, contribuem Caio Passos, Fahel & Stuani, Marvin e Retroboy. As próprias Tasha & Tracie participam também como coprodutoras em várias faixas, garantindo a fluidez entre narrativa, visual e som.

📸 (Negra Li marcou presença na audição de Serena & Venus)

A festa de audição do novo álbum agitou o espaço Projeto 2005, em São Paulo, e reuniu nomes da nata do rap brasileiro, amigos, familiares e fãs para a celebração desse novo ciclo.

Com “Serena & Venus”, as irmãs do Jardim Peri reafirmam a capacidade de transformar vivência em arte e colocam o rap brasileiro diante de uma obra que é ao mesmo tempo memória, manifesto e recomeço. Agora, é acompanhar os próximos capítulos dessa nova era.


Onde tudo começou

Tasha e Tracie Okereke nasceram em São Paulo e cresceram no Jardim Peri, na Zona Norte da cidade. Filhas de mãe brasileira e pai nigeriano, as gêmeas enfrentaram desde cedo uma infância marcada por dificuldades: os pais foram presos em momentos distintos e, ainda adolescentes, elas precisaram trabalhar em telemarketing, lojas de shopping, restaurantes e até como camelôs para se sustentar.

Aos 17 anos, já moravam sozinhas, dividindo o aluguel enquanto buscavam construir independência.

O primeiro grande passo na cena cultural não veio pela música, mas pela moda. Em 2014, criaram o blog Expensive $hit, espaço onde falavam sobre estilo de periferia, empoderamento e autoestima — temas que continuariam a acompanhar sua trajetória. Essa experiência abriu portas para outros trabalhos como DJs, diretoras de arte, estilistas, designers e produtoras culturais, consolidando a imagem delas como artistas multifacetadas que entendem a cultura para além do palco.

📸 (Tasha e Tracie para Capricho, 2025)

Na música, a estreia aconteceu em 2019 com o EP Rouff, ao lado da rapper Ashira. Dois anos depois, em 2021, lançaram Diretoria, trabalho que ampliou o alcance do duo e as colocou de vez no mapa do rap nacional.

A sonoridade sempre transitou entre rap, trap, funk e grime, unindo a força da rua com referências internacionais e narrativas pessoais. Entre as principais colaborações, estão nomes como Djonga, Gloria Groove e Ludmilla.

As irmãs fundaram seu próprio estúdio e passaram a planejar lançamentos sob medida, reforçando o discurso de independência e autogestão que marca sua carreira.

Com letras que falam de vivência periférica, identidade negra, autoestima feminina e sexualidade com liberdade, Tasha e Tracie construíram uma identidade única que combina música e estética como ferramentas de resistência.