St. Pauli está vendendo o estádio para seus torcedores
Com 850 euros, você pode se tornar membro da cooperativa que irá administrar o Estádio Millerntor
O St. Pauli mais uma vez se confirma como um clube único no cenário do futebol internacional. A mais recente iniciativa diz respeito ao seu próprio estádio, o Millerntor-Stadion, uma instalação com 23.000 lugares que o clube decidiu vender para seus torcedores. Isso não é uma brincadeira, é realidade. O St. Pauli precisa levantar fundos para reinvestir em infraestrutura, o que garantirá o sucesso contínuo do clube em alto nível. Em vez de recorrer a fundos de investimento ou buscar novos patrocinadores, a diretoria do clube decidiu resolver a questão internamente. Por isso, no dia 24 de setembro, foi apresentada ao público a Cooperativa de Futebol Sankt Pauli 2024, a cooperativa dos torcedores do St. Pauli que ajudará o clube a arrecadar os fundos desejados. E o primeiro ato significativo da cooperativa será comprar a participação majoritária na propriedade do estádio.
Como funciona?
O primeiro passo foi nomear quatro membros para o conselho de administração da Cooperativa de Futebol Sankt Pauli 2024. O segundo passo será avaliar as candidaturas para associação à cooperativa. As operações começarão nas próximas semanas, mas pessoas interessadas já podem se inscrever na lista de espera através do site oficial. A adesão está aberta a todos, mas o conselho terá a tarefa de avaliar todas as candidaturas e aceitar apenas aqueles que estão verdadeiramente comprometidos em participar pelo bem do St. Pauli. A taxa de adesão, como relatado pelo New York Times após entrevista com o presidente do St. Pauli, Oke Göttlich, é de 850 euros. Uma vez coletadas as adesões, os fundos serão usados para comprar a participação majoritária do Millerntor-Stadion. Nesse momento, o estádio se tornará propriedade da cooperativa de torcedores, que então o alugará para o St. Pauli. “Partimos do pressuposto de que os membros estarão a favor do St. Pauli, não contra nós, e, portanto, poderiam decidir reduzir o aluguel se estivéssemos na terceira ou quarta divisão, ou aumentá-lo se estivéssemos indo muito bem. Isso é algo muito positivo, pois dá flexibilidade à cooperativa”, explicou Göttlich em sua entrevista.
O estádio está avaliado em cerca de 60 milhões de euros, e o objetivo do clube é arrecadar cerca de 30 milhões de euros. Ter a posse do estádio também permitirá à cooperativa gerir eventos e aproveitar melhor suas oportunidades financeiras. A curto prazo, a cooperativa também pretende gerar um fluxo de caixa que possa fornecer dividendos anuais a todos os membros. E se tudo correr bem, a cooperativa poderá expandir sua influência para outros departamentos do St. Pauli. Esta é uma operação inédita na história do futebol, confirmando que o St. Pauli é um clube que gerencia seus assuntos de uma maneira única. “Mesmo que critiquemos certos aspectos do futebol profissional, nós mesmos somos parte desse sistema e queremos sobreviver”, diz o site oficial da cooperativa. E para sobreviver, o St. Pauli poderia ter seguido o caminho de outros clubes e fechado patrocínios com empresas de apostas ou criptomoedas. Mas não. O St. Pauli, mais uma vez, escolheu não comprometer seus valores. Em tempos de necessidade, eles recorreram às pessoas que os amam, o gesto mais natural e, ao mesmo tempo, complicado de fazer diante de dificuldades. Serão os torcedores que financiarão o time e o futuro do clube, com a certeza de que, seja na Liga dos Campeões ou na 3. Liga, isso não fará diferença. O St. Pauli será sempre o St. Pauli.
Criaa da Zona Oeste do RJ.
Comunicador, fotógrafo, colecionador de camisas de times e camisa 8 no time da pelada.
Trabalhando com notícias e informações desde 2002.
