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T-Pain reafirma seu legado no Coachella

por CRIAA · 15 de abril de 2025

Sob um sol escaldante, milhares de fãs tomaram conta do palco principal do Coachella. Espalhados como um mar em movimento, eles não pareciam se importar com o calor. Cantavam em coro “Don’t Stop Believin’”, embalados por uma voz poderosa que ecoava pelo deserto da Califórnia. Mas não era o Journey. Era T-Pain.

Sim, T-Pain, o artista que por anos foi injustamente apontado como responsável pela “morte da música pop”, foi o responsável por arrastar uma multidão ao Coachella 2025. Aos 40 anos, o rapper nascido em Tallahassee subiu pela primeira vez ao palco principal do festival — entre Jimmy Eat World e Charli XCX — e mostrou por que merece um lugar de destaque na história da música.

Da “culpa” à consagração

No passado, ele foi criticado por seu uso pioneiro do Auto-Tune. Jay-Z chegou a declarar a “morte” do efeito em sua faixa “D.O.A.” e até amigos como Usher apontaram o dedo. Em 2013, T-Pain revelou que entrou em depressão após ouvir do cantor: “Você meio que ferrou com a música”.

Mas o tempo — e a história — mostraram o contrário. Hoje, artistas como Post Malone, Travis Scott e Future seguem os passos de T-Pain, fazendo do Auto-Tune uma estética dominante no hip-hop global.

No palco do Coachella, essa virada ficou evidente. Durante a performance de “All I Do is Win”, o público acompanhou cada verso com os braços erguidos, como um culto ao passado. Mas houve também espaço para reinvenção: T-Pain surpreendeu ao mandar o verso acelerado de Ludacris na música e adicionou guitarras ao vivo, dando uma nova cara ao hit.

Entre o club e o soul

Mais do que uma viagem nostálgica, o show foi um desfile de versatilidade. T-Pain mesclou faixas com o efeito Auto-Tune a momentos em que cantava com sua voz natural — como fez em sua famosa apresentação no Tiny Desk da NPR. A fusão das duas versões de si mesmo mostrou que ele vai muito além do estigma da distorção vocal.

Nos anos 2000, T-Pain era o som das baladas, dos bares e das pistas de dança. Canções como “I’m ’n Luv (Wit a Stripper)”, “Bartender” e “Low” se tornaram hinos da diversão sem culpa, enquanto seu visual — com cartola e óculos extravagantes — remetia a um Daft Punk do hip-hop.

“Demorou 20 anos para eu chegar nesse palco, e eu estou feliz por não ter desistido”, disse ele, em um momento de emoção durante o show.

Um legado consolidado

A presença de T-Pain no Coachella 2025 não é apenas um retorno triunfal. É o reconhecimento de um legado que moldou o som de uma geração e abriu caminhos para novos artistas. Em um festival onde o Auto-Tune reina e a nostalgia dos anos 2000 está mais viva do que nunca, T-Pain provou que não apenas sobreviveu à crítica — ele venceu.

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