VITIN e o Drill de Manguinhos: Rapgol Magazine conversa com o jovem artista em entrevista exclusiva

VITIN e o Drill de Manguinhos: Rapgol Magazine conversa com o jovem artista em entrevista exclusiva

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” e o Drill de Manguinhos “

Autor – Roger Morais

VITIN é um daqueles nomes que você pode guardar na cabeça, pois certamente ainda ouvirá bastante daqui pra frente. Apesar da pouca idade – 25 anos – seus trabalhos e suas letras são de gente grande. Possui uma sonoridade muito original, além de demonstrar que realmente canta o que se vive.

Cria do Manguinhos, Zona Norte do Rio de Janeiro, o artista, além de cantar, é um dos fundadores da “Revoada de Manguinhos“, que a cada dia ganha notoriedade e destaque por ser um dos primeiros eventos a reunir diversos artistas de destaque na cena underground dentro de uma favela, desde o início da pandemia.

É responsável por faixas como “Contra-Ataque” e “Vitória“, que contam com produções audiovisuais de tirar o chapéu. E o cantor acaba de lançar nessa semana a sua mais nova música, intitulada “MGH DRILL“, ao lado de VICI, reforçando ainda mais a sua ligação e a identidade com a favela de Manguinhos, mostrando para o que veio.

Nesse sentido, nós da RAPGOL Magazine paramos para trocar uma ideia com o jovem. Em uma entrevista exclusiva, VITIN explica um pouco sobre sua origem, suas referências musicais, sua visão sobre a cena musical atual, suas preferências no futebol e muito mais. Acompanhe abaixo a conversa:

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RAPGOL Magazine – Agradecemos muito por ter aceitado o convite para essa entrevista. Conta pra quem não conhece ainda quem é o Vitin e de onde ele é cria.

VITINFala tropa! Então, VITIN sou eu mesmo, carioca, cria da favela de Manguinhos, zona norte carioca, camisa 11 do drill RJ. Mais um jovem negro na correria pra viver do sonho.

RAPGOL Magazine – Em que ano você resolveu embarcar de vez na carreira artística e como foi o início dela.

VITINIniciei minha carreira no rap em 2015 com o grupo FAIXA DE GAZA. Eu já escrevia a um tempo e recebi o convite do BG e do HC pra compor o grupo. Na época as rodas culturais do RJ estavam em alta, e foi nelas que fizemos o nome, antes mesmo de lançar o primeiro som, já tinha rodado nosso show em várias delas.

“Tenho muitas referências musicais… …Racionais e MV BILL no rap e Orelha e Smith no funk, não tem jeito.”

RAPGOL Magazine – Quais você pode apontar, profissionalmente falando, como os maiores obstáculos enfrentados até aqui?

VITINPrimeiro de tudo é dinheiro. Música é um investimento, e como todo investimento, você precisa de dinheiro pra poder fazer dinheiro, essa é a principal barreira que enfrento e vejo vários dos meus nessa também.

Acho que depois disso, é autoestima e autoconfiança. A carreira musical no Brasil é muito incerta. Tu vai bater de frente com várias situações que podem te desanimar. Se tu não tiver psicológico, e principalmente, se não tiver certeza do teu talento e onde ele pode te levar, tu fica pelo caminho.

RAPGOL Magazine – Conta pra gente quais são as suas grandes referências musicais.

VITINTenho muitas referências musicais. Graças ao meu pai eu sempre ouvi de tudo desde muito novo e levei isso pra vida. Mas os MCs que despertaram o sonho de viver de música, foram Racionais e MV BILL no rap e Orelha e Smith no funk, não tem jeito. Mas é isso, cada composição é uma composição, e a gente precisa sempre estar visitando todas as referências, conhecendo novas, e por aí vai.

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RAPGOL Magazine – Como você enxerga esse crescimento do Drill no país?

VITINAcho que é uma cena muito promissora, talvez uma das mais promissoras nesse momento. Alguns artistas conseguiram números de streaming com o drill, mas acho que o que faltava era o gênero se fazer mais nas ruas.

Acredito que a cena depende de movimento real, a volta dos eventos e shows é um grande passo pro crescimento do drill BR. Acho que vamos muito longe, principalmente se os artistas tiverem a mentalidade de criar o DRILL BR, com a nossa cara, mesclando com a nossa musicalidade mesmo, não ser cópia do que rola lá fora é muito importante pra se criar uma identidade mesmo, tá ligado? A cena que rola em África, principalmente em Gana, tem sido um referencial grande pra mim nisso.

RAPGOL Magazine – Você acaba de lançar sua nova faixa, intitulada “MGH DRILL”, com direito a visuais de tirar o chapéu. Quanto tempo levou e como foi o processo de produção?

VITINPorra irmão foi brabo demais, apesar da correria, dois dias de gravação, foi tudo muito forte do início ao fim. Poder contar com uma equipe como a minha, conseguir unir diversos grupos e pessoas que movimentam a cena cultural de manguinhos, trabalhar com a Rafaela Pinah que é uma referência de moda no Brasil e fora dele, sem palavras…

Nós queríamos mesmo escrever uma página, um marco na cena, porque na prática as movimentações que tão rolando em Manguinhos tem feito isso, e o resultado foi esse aí que vocês tão vendo.

RAPGOL Magazine – Qual o seu time do coração? E porque?

VITINFlamengo né pai, tem nem como (risos). Meu pai, minha mãe e meu irmão mais velho são flamenguistas, então já nasci flamenguista, e nesses 25 de vida, dá pra dizer que meu time me deu muita alegria e título pra reforçar esse amor.

Lembro da sensação de ir pro estádio quando era menorzinho, pau quebrando na antiga geral do Maracanã, sentimento único papo reto. Agora só tá faltando mesmo eu presenciar o título do mundial, vamos ver se ele chega esse ano (risos).

RAPGOL Magazine – Quais são as suas 3 camisas de time favoritas?

VITINPô três camisas não consigo escolher não, gosto muito de várias. Mas a favorita é a do Flamengo de 95, comemoração do centenário do clube, essa é pica não tem como. Inclusive, gravei o clipe de CONTRA ATAQUE com ela, mas era do acervo de um mano, autografada e os caralho. Quem quiser me dá a 11 do Romário de presente, estou aceitando (risos).

RAPGOL Magazine – Cite os seus 3 jogadores prediletos.

VITINRomário e R10 disparados, pelo estilo de jogo e pelo extra campo também, os cara são foda, muita resenha (risos)! O terceiro colocaria o Totti, liderança pica dentro de campo, sempre admirei muito o futebol dele e o fato dele ter ficado do início ao fim da carreira em Roma. Na época do auge dele, o campeonato que eu mais gostava de acompanhar era o Italiano e eu torcia muito pra Roma, ele virou uma referência foda pra mim.

RAPGOL Magazine – Um momento do futebol que jamais vai sair da sua memória.

VITINLibertadores de 2019, não tem como. Vai ser difícil ter um enredo de jogo brabo igual aquele, parece até que foi ontem, assistindo o jogo na chuva, geral triste ja e do nada, papo de 3 minutos tudo mudou. Se fosse planejado aquilo ali, não daria certo.

RAPGOL Magazine – Do jeito que as coisas andam, acredita que o Brasil possa levar o hexa no ano que vem?

VITINInfelizmente não tenho essa esperança. Acho nosso elenco fraco em relação a maioria das grandes seleções. Falta identidade no estilo de jogo, falta entrosamento, falta aquele sentimento de união que tinha lá na seleção de 2002, por exemplo. Acho que vai demorar mais alguns anos pra conseguir recuperar tudo isso. Se chegar no mata a mata e jogar de igual pra igual com as grandes, sem tomar 7 a 1, já fico feliz.

RAPGOL Magazine – Além da carreira musical, você é co-fundador e mestre de cerimônia da “Revoada de Manguinhos”, que a cada edição traz um artista promissor ao palco. De onde surgiu a ideia do projeto e como tem sido pra você ver tudo isso acontecendo?

VITINMano, a ideia veio muito daquele papo de uma das perguntas anteriores. Vimos durante a pandemia muitos artistas ganharem visibilidade nas redes, mas vários que nem tiveram oportunidade de subir no palco pra fazer um show. Queríamos fazer um evento que, pra além de movimentar a favela e ressignificar a Faixa de Gaza, como é conhecido a Av. Leolpoldo Bulhões onde rola o evento, fomentar e dar visibilidade a essa cena que vinha ganhando destaque.

A sensação tá sendo foda, mano. Em cinco edições ganhamos uma visibilidade muito grande dentro e fora do Manguinhos. Botamos vários artistas aí pra fazer o primeiro show lotado dentro de uma favela, sem falar nas apostas que o evento fez. A Lizzie fez o primeiro show pra público de rap aqui, Bala Rosa fez o primeiro show da vida na revoada… Ver geral abrindo portas por causa desse palco é motivo de muito orgulho pra mim e pra toda equipe. E o melhor é que tá só começando (risos). Ano que vem vamos pra outro patamar.

“…Acredito que a cena depende de movimento real… …Acho que vamos muito longe, principalmente se os artistas tiverem a mentalidade de criar o DRILL BR “

RAPGOL Magazine – Cite três artistas que, para você, merecem maior destaque do público?

VITINSinceramente, é muito difícil citar só três artistas, tem muita gente boa fazendo som, muito talento mesmo, mas que falta dinheiro, falta profissionalização, coisas que na prática mesmo fazem chegar seu som ao público, mais do que o talento em si, muitas vezes. Deixo essa resposta pro público.

RAPGOL Magazine – Além de “MGH DRILL”, haverá alguma novidade ainda este ano?

VITINAinda! Meu episódio do Brasil Grime Show tá vindo aí, algumas participações em projetos de outros e outras artistas, e no meu canal mesmo, vem mais um clipe da faixa REVOADA, produção do Chrisbeatszn com a participação da N.I.N.A e do XANDYMC, essa tá o crime!

RAPGOL Magazine – Gostaria de deixar alguma mensagem pro pessoal?

VITINPrimeiro de tudo agradecer a família RAPGOL pelo convite. Admiro muito o trabalho de vocês e tô sempre acompanhando. E pro resto do pessoal, segue lá minhas redes sociais (@vitinfxgz), consumam lá minhas músicas pra eu tirar uma pratinha a mais aí. E aquele pique de sempre, vai pra cima, se tu tem um sonho, deposita o máximo de você nisso, valoriza cada vitória e cada passo que, com estudo e trabalho, tu vai abrir as portas que tu deseja, muita fé!

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Se em pouco tempo VITIN vem deixando para o públicos trabalhos de alta qualidade, certamente podemos aguardar novidades ainda maiores para o próximo ano. Acompanhe abaixo o videoclipe de “MGH DRILL“, através do YouTube:

https://www.youtube.com/watch?v=uftE5kKePrk

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Jornalista, nascido no Centro do Rio em 1990. Já passou por veículos de comunicação impressa e também pelo rádio.

Torcedor do Grêmio, amante do futebol latino-americano e inglês.

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