Conversamos com a figurinista, estilista e artista plástica.
Se você já assistiu os videoclipes do Orochi, Dennis DJ, Papatinho, Filipe RET, Borges, Flacko, Lexa, o figurino das bailarinas na apresentação da Anitta para o MTV Miaw e muitos outros, deve ter observado que todos eles foram muito luxuosos e com um nível de produção elevado.
O que você talvez não saiba, mas deveria, é que todos estes trabalhos foram feitos pela Vivi Cunha, uma das principais e requisitadas figurinistas na cena. Responsável pelas vestimentas icônicas dos rappers Xamã e Dugueto no último Rock In Rio realizado em 2019, a figurinista, estilista e artista plástica esteve trabalhando em vários projetos em 2020 e neste ano de 2021 está com a sua agenda recheada de projetos que ainda não podem ser revelados.
A Rapgol Magazine teve a oportunidade de conversar com a talentosa Vivi Cunha e você pode conferir a seguir.
RAPGOL MAGAZINE – Quais são as suas referências?
VIVI CUNHA – As referencias são inúmeras pois precisam dialogar com o trabalho em específico e sempre varia.Eu curto em geral Pesquisar figurinistas ,diretores de cinema, fotógrafos de streetstyle e estilistas gringos e nacionais que trabalham techwear , wearable, e tecnologia vestÍvel de diversos países porem na minha profissão é necessário conhecer a historia do vestuário e sua evolução para traduzir nas vestimentas a ideia proposta pelo roteiro. As ruas são o DNA. A musica e a polÍtica ditam cultura atitude e comportamentos. Esporte e tecnologia caminham juntos e a historia e evolução de tudo isso me supre referencias . Posso vestir um cenário futurista quanto um cenário pré histórico ou lúdico. Figurino esta relacionado a arte, as peças de moda podem compor ou não a imagem. Pois inclusive o nu , também é figurino.
RAPGOL MAGAZINE – Como você vê a aproximação dos artistas com as grandes marcas de luxo?
VIVI CUNHA – A moda sempre acompanha tendências ditadas pela musica, esporte, arte , política e tecnologia. Esse é o momento do hip-hop em todos os sentidos. Muito tem sido desenvolvido com foco no estilo de rua. Identidade forte do movimento.
Tanto a imagem do urbano em sua forma genuína com marcas que giram nacionalmente, quanto o urbano deluxe com o desenvolvimento de linhas streetwear de multinacionais como Gucci Louis Vuitton tem carregado muitas referencias dos artistas urbanos, e naturalmente esses artistas acabam se tornando modelos influenciadores dessas marcas a medida que ganham destaque em seus trabalhos.
Eu acho muito natural pois outros nichos artísticos essa aproximação acontece a muito tempo . Com o movimento hip-hop não poderia ser diferente. No Brasil essas relações são recentes e ainda muito segregadores e um pouco pseudo elitistas, não fica claro o critério que usam para apoiar ou não um artista.
RAPGOL MAGAZINE – Para ter um trabalho de qualidade é necessário ter um alto investimento do artista em imagem?
VIVI CUNHA – A qualidade esta relacionado a investimento x demanda.
É possível construir algo que atende um investimento menor quando a produção propõe algo dentro da realidade do projeto. Ainda Acontece muito produções que surgem com propostas cheias de demanda onde o investimento sugerido não cobre nem o transporte dos materiais. No movimento existem artistas pequenos, médios e grandes cada um com suas respectivas realidades e poder aquisitivo para investimento em imagem.
Da para atender a todos com qualidade, trabalhando quando o possível , dentro da realidade de cada um. O investimento em imagem vai evoluindo na medida em que o artista ganha mais espaço e tem mais exposição nas mídias. Tudo é crescente.
É possível construir algo que atende um investimento menor quando a produção propõe algo dentro da realidade do projeto.
Vivi Cunha.
RAPGOL MAGAZINE – O que você pode revelar sobre futuros trabalhos?
VIVI CUNHA – Para um futuro próximo : Assino boa parte dos figurinos dos clipes do disco Lobo do Rapper Orochi. Com um em especial onde os looks do clipe inteiro foram desenhados por mim.
Para futuros a longo prazo: Estou planejando a construção de um canal de musica e moda.
RAPGOL MAGAZINE – Você acredita que para evoluir na profissão é preciso muita pesquisa e estudo?
VIVI CUNHA – Primeiramente é necessário procurar entender o que esta fazendo. Figurino assim como odontologia, é uma profissão e não uma ponte fácil pra se aproximar dos seu ídolo.
E para evoluir em todos os mercados é necessário dedicação, capacitação, atualização e sim muito estudo. Ha mercados que pedem formação acadêmica como é o caso de Figurinistas de emissoras em sua maioria formados em artes , cinema ou moda.
O mercado audiovisual informal de videoclipe abriu oportunidade para diversas pessoas que tinham um sonho porem não tinham oportunidade. Então muitos profissionais autodidatas foram surgindo, e muitos talentos foram descobertos, mas em algum momento chega a hora em que o próprio profissional sente a necessidade de avançar e com isso o investimento em conhecimento acaba sendo um processo natural e necessário de evolução, até pros crias.
“Para evoluir é necessário primeiramente procurar entender o que esta fazendo.”
Vivi Cunha.
RAPGOL MAGAZINE – Você já pensou em passar o seu conhecimento e vivência através de cursos e palestras?
VIVI CUNHA – Eu ja ministrei alguns workshops , palestras e talks, porem eu não sou muito didática. Eu fico gaga em público , falo rápido e muito, então não sei se funciona, mas sempre que convidam eu vou.
Para conhecer mais sobre o trabalho da Vivi Cunha, acesse o Instagram oficial @vvncunha , lá você encontrará um pouco dos projetos e artistas com quem ela já trabalhou.
CRIAA.
Criaa da Zona Oeste do RJ.
Comunicador, fotógrafo, colecionador de camisas de times e camisa 8 no time da pelada.
Trabalhando com notícias e informações desde 2002.
