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Em TRAP

XTRANHO: Matuê Quebra o Sistema com Novo Álbum Visual e Transforma o Desconforto em Manifesto Pelo Trap Underground

por CRIAA · 11 de dezembro de 2025

A Estranheza Como Ferramenta de Resistência

Matuê não lançou apenas um álbum; ele lançou um movimento. De forma surpreendente, na noite desta quarta-feira (10), o cearense dropou o aguardado álbum visual “XTRANHO” em um evento gratuito em São Paulo para cerca de 10 mil fãs, consolidando o projeto como um manifesto artístico contra as burocracias e o excesso de conforto do mainstream.

O álbum, composto e produzido instintivamente em quatro meses, utiliza a estranheza e o desconforto estético como ferramenta central. Como avisa na faixa de abertura, “Eu represento o meu bando”. A luta de Tuê é pela liberdade criativa e pela autenticidade do trap.

A Ruptura Estética: Foda-se o Conforto

A essência de XTRANHO é a crítica à indústria que prioriza a imagem do artista em detrimento da arte. As 13 canções fogem do compromisso comercial e não se esforçam para serem palatáveis ao grande público.

  • A Faixa Título: “XTRANHO” é a declaração de guerra: “Foda-se se você não entende / Meu estilo é inconveniente”, reforçando que o trap que eles acreditam (selo 30PRAUM) não se vende por sucesso.
  • A Influência Sombria: O clima é intencionalmente sombrio. Faixas como “FACAS E MACHADOS” (um sonho febril e agressivo) e “MEU CEMITÉRIO” (com paisagens sonoras de rituais e figuras diabólicas) refletem a influência de gênios da música eletrônica experimental, como Aphex Twin. Se a beleza é a moeda de troca, Tuê quer expressar o desconforto.

O Laboratório Criativo e a Vanguarda

Matuê, que compôs o disco majoritariamente sozinho, decidiu desafiar-se ao criar um “laboratório criativo”. Ele reuniu um time de músicos, designers e produtores para uma colaboração intensa, desenvolvendo música, arte e comunicação (incluindo um website interativo) simultaneamente.

O plano é claro: reunir a vanguarda do trap que, por estar fora da máquina empresarial, tem mais a dizer sobre o futuro. A lista de colaboradores é a prova desse movimento: a capixaba Kouth (que participa de “ÍCONE FASHION”), a dupla N.A.N.A., o mineiro Phl Notunrboy, além de Cashley, FAB GODAMN, LPT ZLATAN e Okie.

Faixas como “ÍCONE FASHION”, “ALTERADO” e “BACKSTAGE” narram a urgência artística, estilo, sexualidade e a vida crua na estrada.

Veredito RAPGOL

O lançamento de XTRANHO é um marco. Matuê usa seu poder de mainstream para puxar a cena underground para o palco (literalmente, no evento em formato de X). Em um mercado que cobra perfeição, a estranheza é atestado de autenticidade.

Ao fechar o álbum cantando “Somos os melhores”, Matuê não fala apenas por si; ele fala por toda uma comunidade que, através da arte, se recusa a ser domesticada pela indústria.

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