Yvie O. : a Voz Forte na Produção Executiva do Brasil Grime Show.

Yvie O. : a Voz Forte na Produção Executiva do Brasil Grime Show.

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Yvie O – Reprodução Instagram

O Brasil Grime Show é uma das plataformas de entretenimento mais acessadas nos últimos tempos. Ainda que mantenha um estilo bem underground, o projeto tomou uma proporção gigantesca e atualmente chegou em sua quinta temporada.

Com um público fiel e comprometido com o gênero musical, a cena Grime no Brasil tem crescido e vem gerando oportunidades para novos artistas e produtores.

Nesta edição de capa, conversamos com a Yvie O. A produtora executiva do Brasil Grime Show, falou abertamente sobre como é conduzir o projeto, lidar com as dificuldades, conciliar tudo isto com a maternidade e muito mais.


Entrevista de Roger Morais e colaboração de Criaa.

RAPGOL MAGAZINE – O que a levou a se dedicar a fundo no Grime e sua cultura?

YVIE O. Fazer algo diferente. Eu trabalho já muito tempo com produção. Tanto na parte cultural, como executiva, artística e muitas vezes técnica. Eu queria estar em algo diferente e quando o Brasil Grime Show iníciou eu estava lá. Fui abraçada e aceitei. Pensei que poderia fazer diferença e hoje vejo que sim, faz toda a diferença eu estar lá.

RAPGOL MAGAZINE – Poderia nos contar como foi a construção, o início, o “start” do Brasil Grime Show?


YVIE O. Cara, o diniBoy era muito viciado em assistir Grime Show. Ele pesquisa desde 2015 sobre, começou a meter a cara em produzir e tocar Grime em 2016. Já haviam eventos, DJs e Produtores trabalhando com Grime, mas sendo bem sincero o retorno do público era esquisito. Acho que a Wooble, Breakz e colab 011 aqui na região Sudeste foram as festas que mais influenciaram para esse movimento, claro tem outras mas estou falando do meu ponto de vista e da minha vivência.

Em 2017 ainda no coletivo Bruk Broken Beats que era voltado para produtores e DJs, tentamos até fechar um edital para trazer artistas de Londres pra cá, mas fomos “sabotados” hahahahahaha. Em 2018 o diniBoy tomou coragem de puxar o bonde pra fazer o Brasil Grime Show.

Foi ele que puxou o Antônio Constantino inclusive pro nosso meio de cá, o Lucas Convidou o Rennan Guerra e ele prontamente não só aceitou estar como abriu as portas do seu estúdio Casa do Meio não só para o programa mas também para os mcs que estavam começando e não tinham onde gravar ou produzir, tudo isso sem cobrar um centavo.

O lucas também convidou o Padilha para operar junto as câmeras e sim ele veio. O Antônio nos trouxe o Wander que também desde o início nunca nos largou. Eu faltei o trabalho pra acompanhar a gravação e cheguei já sendo a produtora hahahahaha.

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Foto: Reprodução Instagram


RAPGOL MAGAZINE – Quais foram os principais obstáculos iniciais, se é que houve?

YVIE O.Vou falar pessoalmente da minha visão ok? Primeiro que era a primeira vez que nós estávamos fazendo isso. Nosso cenário foi adaptado diversas vezes, a forma de inscrição e tudo mais porque fomos nos aperfeiçoando com a experiência de botar a mão na massa.  não vou mentir não. A gente batia cabeça. Eu sendo a única mulher tinha alguns embates e muitas vezes era a chata.

Certos cuidados eu como mulher procuro ter porque eu sei o que é ser mulher. Com os meninos o diálogo não era tão fácil em algumas questões, principalmente com um determinado membro. É isso me irritava 100%. Eu pensava “é sério que você não enxerga que isso é ofensivo? É sério que você não vê que você está desmerecendo a mim e a outras mulheres?”

Mas com o tempo eu fui ganhando mais espaço, e as pessoas me ouvindo mais. O Mateus é meu esposo então nós temos uma sincronia. A gente a “elegantizada” muito na nossa vida de trabalho, então flui mais fácil. O Rennan é meu braço forte em tudo. TUDO. Qualquer ajuda que eu preciso é ele que me apoia. Quando encontramos essa sincronia as coisas fluíram mais fácil.

Como qualquer outro meio artístico o dinheiro influência muito sendo presente ou na sua ausência, então vocês já imaginam a dor de cabeça né? Quebra equipamento, como substitui? Como a gente consegue o mesmo espaço que outras festas pra fazermos nossos eventos? Não tinha.

Nós nem éramos conhecidos, nós éramos bastante rechaçados na verdade. Mas no final não ligamos e continuamos. E as mesmas pessoas que nos xingavam, tentavam barrar nossa entrada em determinados lugares, mcs que ignoraram nossos convites, tudo isso mudou. 


RAPGOL MAGAZINE – Como funciona o esquema de participação dos artistas no projeto?


YVIE O.É através de inscrição. E juro pra você que até novembro de 2020 as inscrições estavam abertas direto. Fechamos porque não fazia sentido receber inscrições enquanto não podíamos gravar em estúdio. Agora estou remodelando o formato junto ao Rennan, mas o que não muda é: o artista precisa se inscrever. E não é por DM (risos)


RAPGOL MAGAZINE – Quais são as suas grandes referências musicais?



YVIE O.Pra vida? Música nacional Brasileira de cabo a rabo. Antes de buscar referências lá fora eu busco aqui. A forma como nossos artistas inventam e reinventam ritmos e tudo mais. Eu sou muito fã do Metá Metá, Da Bethânia, do Marcão Baixada, do Néctar Gang, da banda Deja Vu.

Minha banda favorita é o Sorriso Maroto. Minhas referências de grime são: Lady Fury, Lady Chann, Frankie staywoke, Flava D, eu sou muito fã da South London Space Agency me identifico muito, são nossa família em Londres. A Alya é uma referência na produção pra mim. E a Amal é minha maior referência em jornalismo musical.

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Foto: Reprodução Instagram


RAPGOL MAGAZINE – Observa-se uma interação muito bacana entre vocês e o pessoal que trabalha com o Grime em outros países. Inclusive há episódios com as participações de artistas estrangeiros. Como começou essa relação?


 YVIE O.O Grandmixxer e o Wiley foram os primeiros artistas a fazer contato conosco. Engraçado que foi na mesma semana que um produtor brasileiro afirmou que o que fazíamos era lixo hahahahaha que não tinha como ter Grime BR porque o Grime era de Londres. Sensu ficar falando dos Contatos de fora eu passo o dia todo.

A recepção deles com a gente nos surpreendeu. A gente recebe dubplate semanalmente de DJs/produtores de fora, é muito doido. O Oblig me procurou em dezembro de 2019 para falar de sua vinda, ele ficou na nossa casa inclusive. Um ser humano incrível, humilde, compartilhou tanto conhecimento conosco. Enfim, tudo foi muito orgânico e natural. Estamos ansioso para poder recebê-los novamente num time maior o qual ainda não posso dar spoiler.


RAPGOL MAGAZINE – O que podemos esperar para esta nova temporada?

YVIE O.Nossa, essa quinta temporada tá linda. Eu acho que dessa vez vocês vão até chorar com a performance de alguns artistas.


RAPGOL MAGAZINE – Como você analisa este boom  no surgimento de novos artistas dentro do gênero?


YVIE O.Acho normal. Encorajou alguns a se lançarem, encorajou outros a se reinventarem. Acho inclusive tá muito no início. Muitos artistas ainda vão surgir. É assim que uma cena se consolida. Os mcs principalmente ficam num bla bla bla de discussão de cópia de pioneirismo na internet, mas acho que isso eh por causa da pandemia, todo mundo em casa com tempo livre muitas vezes… e mente vazia é oficina do satanás.


RAPGOL MAGAZINE – Há quanto tempo você trabalha na área executiva envolvendo a música?


YVIE O. Desde 2011. São 10 anos me aventurando nessa profissão.

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Foto: Reprodução Instagram


RAPGOL MAGAZINEMuitas mulheres estão envolvidas seja nas rimas ou como DJs.  Você gostaria de destacar alguma ou algumas em especial?



YVIE O. Tem pessoas que eu tenho um carinho muito grande principalmente por ter lidado muito pessoalmente com algumas, como por exemplo a Áurea que é uma das minhas melhores amigas. Eu acordei pra responder essa entrevista e já tô aqui “preciso falar com a minha linda” hahahahahah, a Nina que eu já conhecia desde sua carreira como DJ e hoje temos uma amizade e também trabalhamos juntas.

A Peroli que é produtora e DJ, compartilhamos muitas dores e alegrias similares, trabalhamos juntas também. A Juju Rude que também se tornou uma amiga pessoal, é uma artista incrível, pra você ter uma ideia quando ela e a Thai Flow vieram gravar eu tremia igual vara verde com as duas no estúdio. Acho que foi a primeira vez que eu Yvie trabalhei com duas celebridades ao mesmo tempo. 


RAPGOL MAGAZINEPercebemos que o BGS é como um filho para você, mas sabemos que você é mãe de uma bebe linda. Mudou muito a sua visão do mundo após a maternidade? 


YVIE O. Muito! Primeiro porque eu aprendi que eu não devo estar onde não sou bem vinda como mãe. É isso me fez cortar pessoas e possíveis situações. Hoje eu tenho medo da morte, quero muito ve-lá crescer.

Trago-a comigo em todas as gravações, eu penso assim” se eu lido com mc bebado, com mc que me ofende e me humilha, com produções que tentam me passar a perna, viro dia e noite as vezes na rua só pra tocar um evento e tô lá, por que essas pessoas não vão aceitar a versão mamãe Yvie que mesmo com uma criança faz isso tudo é muito mais? Então se não me querem mãe, eu também não quero estar com vocês e fim.” 

RAPGOL MAGAZINE Neste Domingo comemoramos o dia das mães, deixe uma mensagem especial não só para as mamães, mas para todas as mulheres. 

YVIE O.Vocês são minha inspiração pra estar aqui hoje. Seus relatos, suas trajetórias. Vocês me apoiaram por serem vocês. Não desistam. Eu também estou aqui por/para vocês.


Para saber mais sobre o Brasil Grime Show, acesse as redes sociais e o canal do Youtube.

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Jornalista, nascido no Centro do Rio em 1990. Já passou por veículos de comunicação impressa e também pelo rádio.

Torcedor do Grêmio, amante do futebol latino-americano e inglês.

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