zudizilla
Autor – CRIAA
Ele é cria da cidade de Pelotas, no Rio Grande do Sul, mas suas músicas e o seu talento já ganharam o mundo.
Zudizilla é um daqueles caras que sabe muito bem elevar com maestria a qualidade de qualquer projeto que esteja participando.
Eclético, determinado e principalmente conhecedor do que se propõem a fazer, suas músicas trazem força, alívio e conforto para quem escuta.
Recentemente ele colocou nas ruas o seu projeto “Manha, Tarde e Noite” uma obra de arte espetacular e que traz consigo questionamentos e reflexões.
A nossa conversa com o rapper foi muito mais além! Focado nos novos projetos, Zudizilla deixa o EP e segue em estúdio gravando seu novo álbum, falamos sobre isto, sobre sua família, paternidade, referências de vida e muito mais, confira:
Foto – Capa – Helen Salomão
” Eu não desisto insisto na existência de algo grande pra nós “
Primeiramente obrigado por conversar com a Rapgol Magazine. Você tem uma bela bagagem dentro do Rap, seus projetos falam por si só.
Queremos saber: Como chega o Zudizilla nesta segunda metade de 2021?
Salve família!! Obrigado pelas palavras e pela atenção com meu corre, fico muito honrado. O segundo semestre pra mim foi bem mais movimentado que o primeiro e nesse exato momento eu to gravando a sequência da trilogia Zulu, o segundo volume, que pretendo trazer ainda em 2021 mas não sei se vai rolar porque eu sou bem mais preso a qualidade do que a prazos de entrega.
“Lembro teus olhos, quando encontraram os meus”
O ano de 2020 foi um ano muito doido, mas que nos trouxe a faixa “Proveito”, onde você aparece rimando em parceria com a Luedji Luna. Qual o seu sentimento sobre este som?
É da hora porque é a oportunidade de estar escrevendo com uma das artistas que mais admiro em todo o território nacional. Luedji é com certeza minha top 5 mesmo antes de a gente se relacionar.
“Manhã, Tarde e Noite é um projeto que envolve minha família e meus amigos próximos”
Recentemente chegou às ruas o EP “Manhã, Tarde e Noite”,recheado de musicalidade e como uma estética impecável.
Como foi a construção deste projeto em meio a esta loucura de pandemia?
Esse trampo era pra estar nos ouvidos da galera no primeiro semestre mas eu respeito muito o tempo das coisas então fui protelando e deixando pra um melhor momento.
Pensar e produzir ele foi maneiro demais por se tratar de um projeto que envolve minha família e meus amigos próximos, foi tudo muito natural e entendo que a recepção da galera foi extremamente fiel ao que coloquei de empenho nesse projeto.
As faixas “Sintonize”, “Típico” e “N.Wolrd” se conectam e passam muita vivência. Os fãs mais atentos sabem que esta é uma de suas características na escrita.
Poderia nos falar um pouco sobre o seu processo de composição do EP?
Eu vi uma entrevista da Conceição Evaristo em que ela utiliza o termo “Escrevivência” que se trata de transcrever experiências vividas a partir do ponto de vista do escritor sendo ele personagem.
Essa característica me é muito trazida através da linha literária Beat, que tinha o jazz como trilha e também da forma como Lima Barreto trazia suas narrativas para a construção de seus personagens.
No meu caso eu trago o coração pra caneta e vou lapidando de forma que seja compreensível para o público em geral, deixando a parte as ideias de mídia que geralmente influenciam a galera a escrever.
Eu escrevo não o que vivo, mas porque eu to vivo. Esse EP é isso, mas também marca uma fase de transição para esse novo álbum e tem pistas nele acerca do que eu venho trazer.
” nada me vale mais do que minha família “
“Manhã, Tarde e Noite” chegou acompanhado de excelentes vídeos, trabalhos que completam o projeto.
Como foi registrar seus sentimentos mais íntimos, incluindo sua família?
Já é uma ideia que permeia minha mente há muito tempo, porque contrasta com o ideal pueril de riqueza. Eu poderia colocar minhas jóias, meus tênis para tentar trazer ao grande público um ideal de riqueza mas nada me vale mais do que minha família.
O EP também né da essa liberdade de trabalhar com minha vida enquanto matéria prima e o resto foi o talento da “A Corte Filmes” mesmo.
Quando você escuta a palavra família, o que vem a sua mente?
Tripé. Minha família é meu suporte e é o suporte perfeito. Minha mãe e minhas duas irmãs me deram base para que até em minhas quedas eu conseguisse me reerguer através do mínimo de estrutura que restou. Hoje eu tenho meu núcleo familiar ainda recente mas pretendo fazer por meu filho o que minha mãe fez por mim pra que ele me veja assim como vejo as 3 poderosas mulheres que me fizeram um homem.
Recentemente chegou as ruas o novo som “Ameixa” onde você externa toda sua paixão pelo seu filho ao lado de sua companheira. Gostaríamos de saber de você: O que mudou no Zudizilla com a paternidade?
Eu sempre fui paizão, sempre tive o mínimo de ideal de responsabilidade apesar de ter feito MUITA merda nessa vida. O Dayo é a concretização desse caráter que habitava em mim.
O que mudou é que agora eu sou babão pra caralho e tento me cuidar mais pra que não seja ele mais um filho sem pai nessa sociedade agressiva, aprendendo tudo no tapa como foi comigo. O Dayo Oluwadamisi é foda.
Quais são as suas referências no dia a dia?
Eu tenho uma gama muito grande de pessoas que me inspiram, mas ultimamente eu tenho bebido muito da arte. Obviamente que tem minha esposa que é foda, minha mãe e minhas irmãs, mas tem a Kika, Luna, o Consp, Robinho Santana e o Icone Kill.
São todos artistas visuais que me inspiram muito com sua poética e especialmente com sua história de vida e luta pela permanência de seus corpos pretos retratando seu reflexo e vivência em suas obras. Eu quero muito que meu rap seja assim.
” E apesar de tudo eu continuo bem
My nigga “
O que você costuma escutar quando não está no estúdio? Tem alguma recomendação?
Cara eu to brisando em Lynyrd Skynyrd, mas recomendação tenho muitas. Bebé Salvego tá com um disco monstruoso, Giovani Cidreira tá rompendo barreiras, a Saskia e Cristal lá do Sul. Bart e Cachola – também do Sul, o álbum da Linn da Quebrada e do Rico Dalasam também.
Acho que em 2021 foi o que mais rolou nos meus fones, fora aquilo que tá sempre neles
“Suas lágrimas irão regar sua vitória”
Chegamos na parte da entrevista onde buscamos conhecer melhor o lado torcedor. Você tem algum time do coração ou o futebol não faz parte dos seus esportes favoritos?
Eu tenho dois times, o Brasil – RS e o Corinthians.
Voltando aos projetos musicais, os fãs tem aquele sentimento de querer algo há mais.
Agora que o EP está na rua de forma completa, o que podemos esperar ainda para 2021?
Um disco bem de negrão memo
Amor e luta estão sempre presentes em suas linhas, percebemos este equilíbrio e queremos saber: você procura manter isto ou acaba acontecendo normalmente?
Acaba acontecendo naturalmente, porque pra mim era só luta que eu trazia. Bom saber que o amor interfere e equilibra minha poética.
Para finalizarmos deixamos este espaço aberto para você falar sobre qualquer assunto que não foi abordado anteriormente ou deixar uma mensagem.
Fique à vontade, o espaço é seu.
Muito obrigado pelo carinho com meu trabalho e por abrir espaço pra que eu possa complementar aquilo que talvez meus versos mais confusos não elucidem de primeira. E SEMPRE escutem minhas músicas duas vezes. Vocês vão achar que entenderam e é aí que não. Abraço família! Fora Bolsonaro.