A partir de 1º de novembro, os clubes de futebol argentinos poderão se converter em Sociedades Desportivas (SADs), o equivalente às Sociedades Anônimas do Futebol (SAFs) do Brasil. Com essa mudança, as equipes terão a possibilidade de permitir a entrada de capital privado e aceitar associações civis e fundações como acionistas, marcando uma transformação significativa no panorama do futebol argentino.
Regulamentação e Impacto
A Inspeção-Geral da Justiça (IGJ) emitiu nesta terça-feira (16) a resolução que define desregulamentações e flexibilizações de procedimentos presentes em dois artigos do decreto DNU 70, habilitando as sociedades desportivas. Esta medida, que será implementada no início de novembro, é vista como uma forma de modernizar o futebol argentino e atrair investimentos significativos.
O governo estima que o futebol argentino pode atrair entre US$ 2,5 bilhões e US$ 3 bilhões em investimentos com a entrada de capital privado. Essa expectativa é baseada nas mudanças jurídicas buscadas para tornar o futebol mais atrativo para investidores nacionais e internacionais.
Apoio e Controvérsia
O presidente argentino Javier Milei é um defensor fervoroso da medida. Em um post recente na rede X, ele destacou que muitos jogadores da seleção argentina já atuam em corporações esportivas no exterior, questionando a resistência da Associação do Futebol Argentino (AFA) às SADs. Ele argumenta que a abertura ao capital privado pode trazer prosperidade ao futebol argentino, contrastando com o que ele chama de “socialismo pobre”.
A proposta, no entanto, não está livre de controvérsias. Durante a última eleição do Boca Juniors, em dezembro, o grupo liderado pelo ex-presidente Mauricio Macri, defensor da abertura ao capital privado, foi derrotado pelo grupo do jogador Juan Román Riquelme, que se opõe à medida. O tema também foi debatido por outros clubes importantes, como River Plate e Independiente, que expressaram publicamente sua resistência à mudança.
Por outro lado, ex-jogadores como Sebastián Verón, atual presidente do Estudiantes de La Plata, apoiam a iniciativa, vendo-a como uma oportunidade para profissionalizar e fortalecer economicamente os clubes.
Histórico e Legislação
Em janeiro, a AFA conseguiu uma medida cautelar contra os artigos 335 e 345 do Decreto de Necessidade e Urgência nº 70/2023, atrasando a implementação das SADs. No entanto, com o crescente sucesso dos clubes SAF no Brasil, a pressão para que os clubes argentinos sigam um caminho semelhante aumentou.
Essa regulamentação, discutida há anos, marca um novo capítulo na história do futebol argentino, permitindo a entrada de capital privado com a esperança de fortalecer a economia e melhorar a competitividade dos clubes no cenário internacional.