Nesse dia dos namorados, a rapper A-Ka presenteia a cena do Hip Hop com um novo lançamento. A música “Nunca vou viver o amor” está disponível em todas as plataformas digitais e traz uma reflexão sobre os impactos do racismo nos relacionamentos e afetos de pessoas racializadas.
A jovem rapper de 25 anos é uma das promessas da cena do RAP de Curitiba. Originária da zona Sul da capital paranaense, Karine desenvolve um trabalho artístico profundamente marcado pela violência do Estado e as cicatrizes que a juventude negra herda no sistema capitalista.
Acompanhada de um boombap preenchido por um piano melancólico, na faixa lançada, A-Ka denuncia os vestígios escravocratas que contaminam os relacionamentos amorosos e afetam a subjetividade das mulheres negras pobres. Um contexto histórico de sequestro, trabalho escravo em condições degradantes e assassinatos em massa promovidos pelo Estado edificaram o Racismo Estrutural – uma consciência coletiva de que pessoas pretas são seres humanos inferiores – que atravessa os ideários do que são considerados pela sociedade como belo, valoroso, digno de respeito e de amor.
“Nunca chamada para um jantar, falou
Uma vez, aliança foi jogada no bueiro
Não é tristeza, é desabafo
Sei que não
Não sei se fui amada
Ou se era só tesão pelo meu rabo.”
No clipe, A-Ka compõem um cenário de desabafo com artistas pretos da cidade, e raspa a cabeça, desenvolvendo uma metáfora de renascimento através de seu Ori, representação do espiritual nas tradições de matriz africana.
![Ambições sensíveis: A-Ka lança faixa sobre solidão da mulher negra - Rapgol Magazine Copia de peb 1737](https://rapgol.com.br/wp-content/uploads/2024/06/Copia-de-peb-1737-600x600.webp)
“Preta, prometo nunca mais ser refém da carência
Ela me assola, tento suprir desde a escola
Tentei jogar bola, por um mano mais velho
fui agredida no portão de casa
Cada dia um fantasma”
A artista desenvolve uma análise honesta e cruel sobre a posição das mulheres negras na sociedade capitalista: sendo a maioria das terceirizadas, desempregadas, alvos da brutalidade policial e de gênero; a estrutura desse sistema reproduz um padrão de violência que contamina os afetos das mulheres racializadas.
“Um dia me perguntei o que faltava em mim
Com lágrimas reguei o meu jardim
Falando sobre isso
A-KA, nunca te te vi assim…’ “
veja o clipe no link abaixo e acompanhe a artista nas redes sociais @akausa041
Produção e captação: @paulakoseki / @_gloriayole