BAPE: o legado icônico do streetwear

A marca japonesa de streetwear, BAPE, domina a moda Hip-Hop há mais de duas décadas. O que começou como uma marca exclusiva no Japão na década de 1990 agora se tornou um fenômeno cultural, especialmente na esfera do Hip-Hop. O logotipo “macaco” da BAPE e o design da “camuflagem BAPE” enfeitaram muitos videoclipes de Hip-Hop para contar, e a marca ainda é usada e batida até hoje. Então, como uma pequena start-up do Japão se transformou em uma das marcas de streetwear mais reconhecidas do mundo? Aqui está uma olhada no legado da BAPE.

Primórdios no Japão

Nigo, o fundador da BAPE, formou a marca em 1993 depois de abrir a loja NOWHERE no famoso bairro da moda Ura-Harajuku no Japão. Nigo fez parceria com um amigo da escola de moda, Jun Takahashi, para criar a loja. Os dois também tiveram imensa ajuda do “Padrinho de Harajuku”, Hiroshi Fujiwara. Fujiwara já era um jogador importante na cena streetwear do Japão e um dos primeiros DJs de Hip-Hop no Japão. Com seu co-sinal, o NOWHERE obteve sucesso no início de sua criação.

Logo após a inauguração do NOWHERE, Nigo o usou como a principal loja da BAPE. O nome da marca, A Bathing Ape, veio da frase japonesa, “um macaco tomando banho em água morna”, que se referia a jovens que viviam protegidos e focados apenas na escola. O nome também era sobre O Planeta dos Macacos franquia de filmes. Isso também fez com que o famoso logotipo “macaco” aparecesse em muitas das roupas da marca.

A importância da exclusividade

O sucesso inicial da BAPE no Japão veio de sua exclusividade. Ao longo da década de 1990, Nigo fazia apenas cerca de cinquenta camisetas por semana e dava metade delas para criativos e influenciadores para gerar buzz. Em 1998, mais de quarenta lojas vendiam a marca, mas Nigo decidiu retirá-la dessas lojas e vendê-la apenas em um local central. Surpreendentemente, as vendas da marca foram iguais, e possivelmente melhores, naquela loja do que em todas as quarenta.

Nessa época, Nigo também abriu uma butique chamada Busy Works em Hong Kong. Continuando a tendência de exclusividade, Nigo tornou extremamente difícil o acesso dos compradores à loja. Quem quisesse fazer compras na loja tinha que passar por um processo de solicitação que envolvia a obtenção de um passaporte de Hong Kong. Se aprovado, eles tinham que marcar hora para entrar na loja. Nessa época, rappers como Notorious BIG também começaram a usar a marca, pois sua popularidade começou a disparar.

BAPE entra nos Estados Unidos

Em 2002, Nigo levou a marca um passo adiante ao criar o tênis Bapesta, que lembrava o design do Nike Air Force 1. No entanto, por meio de seu encontro com Pharrell, o BAPE poderia decolar nos Estados Unidos. Pharrell, membro do grupo NERD na época, foi um dos primeiros artistas a ostentar regularmente a marca nos Estados Unidos. Apesar disso, a apresentação de Nigo ao rapper veio de um conhecido em comum, Jacob the Jeweler. O ícone do bling mencionou a Nigo que suas peças encomendadas eram semelhantes às de Pharrell e, eventualmente, os dois se conheceram em Tóquio.

Com essa conexão com Pharrell, o BAPE começou a disparar nos Estados Unidos. A parceria entre Nigo e Pharrell cresceu em 2005, quando os dois co-criaram a marca Billionaire Boys Club and Ice Cream. Em 2005, BAPE estava se tornando um grampo da moda Hip-Hop nos Estados Unidos. Além disso, logo atingiria sua “era de ouro” nos Estados Unidos.

Era de ouro em meados dos anos 2000

Em meados dos anos 2000, o BAPE se tornou um best-seller nos mercados americanos. Rappers como Lil Wayne, Clipse e Kanye West estavam usando e fazendo rap sobre a marca. A influência da BAPE foi tão significativa que Pusha T e Lil Wayne até brigaram sobre quem conhecia a marca primeiro. Em 2006, a popularidade da BAPE cresceu tanto, especialmente em relação aos sapatos Bapesta, que duas lojas próprias abriram em Nova York e Los Angeles.

Também em 2006, Kanye West desenhou seu par personalizado de tênis Bapesta, que apresenta o famoso “Urso de Graduação” dos três primeiros álbuns de Kanye. Este foi um dos primeiros designs de moda de Kanye, muito antes dos sucessos bilionários de Yeezy. 2005-2008 marcou uma “era de ouro” para BAPE, especialmente na cultura Hip-Hop. No entanto, a marca sobreviveu a esse período e ainda é extremamente popular hoje.

O legado da BAPE hoje

Em 2011, Nigo vendeu a BAPE, mas permaneceu como diretor criativo da marca até 2013. Apesar da saída de Nigo, a marca ainda está viva, usada e celebrada na cultura Hip-Hop. Novas peças ainda são criadas, e muitas das peças arquivadas da BAPE são vendidas por grandes quantias de dinheiro. Apesar de sua origem humilde, a BAPE transcendeu a moda e tornou-se sinônimo de cultura, principalmente em meados dos anos 2000. A BAPE é uma das maiores marcas de streetwear de todos os tempos e seu legado continua até hoje.

CRIAA

Sou Bruno “CRIAA” Inácio, desde 2002 falando sobre Rap na Internet,  editor-chefe da Rapgol Magazine, onde conecto os universos do rap e do futebol com conteúdo autêntico e relevante. Com foco na curadoria de histórias que refletem a essência da cultura urbana, também assino artigos e entrevistas que destacam a voz dos artistas e a vivência das ruas.