Júlio Brito, mais conhecido como NEKTRASH, é uma das promessas da cena do RAP nacional da nova geração. Cria da Zona Sul de Curitiba, acumula quase 60 mil ouvintes mensais no Spotify e constroi o seu trabalho através de referências que ultrapassam o RAP – flertando com o Jazz, R&B e Reggae. Na composição lírica, desenvolve sensibilidade e profundidade sem ignorar os impactos estruturais de uma sociedade racista e violenta na subjetividade dos que ainda são considerados inferiores no capitalismo.
“No palco somos astros, na rua somos alvos”
Nek é filho dos terreiros pretos que protegem as periferias da capital, abrindo os seus shows com ponto de terreiro em saudação ao preto velho, usando o atabaque e a música para clamar por justiça:
“Ecoou um canto forte na senzala
Negro canta, negro dança
Liberdade fez valer
Não existe sofrimento, não existe mais chibata
Só existe a esperança pra um novo amanhecer”
O artista criou a sua primeira relação com a escrita aos 7 anos de idade, num diário que guardava memórias de um morador de periferia que já confrontava a violência e o alcoolismo. Essas primeiras recordações de uma criança preta que já era vista como alvo foram encontradas posteriormente, por funcionários de sua escola. O pequeno Júlio, que passou um mês inteiro de sua infância em silêncio, hoje é um artista que se destaca como uma das principais figuras paranaenses na cena nacional, e conversou com a RAPGOL Magazine sobre o seu trabalho, Arte, Hip Hop e perspectivas: