FBC lança “Assaltos e Batidas” e consolida sua trajetória como cronista do Brasil profundo

FBC lança “Assaltos e Batidas” e consolida sua trajetória como cronista do Brasil profundo

FBC lança “Assaltos e Batidas” e consolida sua trajetória como cronista do Brasil profundo

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O rapper mineiro FBC acaba de lançar “Assaltos e Batidas”, um projeto que vai além de um álbum de rap: é uma obra audiovisual que retrata, com brutalidade e poesia, as dores e resistências das periferias brasileiras. Com 11 faixas inéditas, produção de nomes como Coyote Beatz, Pepito, DJ Cost e Nathan Morais, e um curta-metragem que acompanha o disco, FBC retorna às raízes do hip hop para falar das contradições sociais, do crime como armadilha e da sobrevivência como ato político.

Oriundo do bairro Cabana do Pai Tomás, em Belo Horizonte, FBC é conhecido por sua capacidade de se reinventar a cada lançamento. Em BAILE (2021), ele surpreendeu ao trazer o Miami Bass como plataforma para narrativas de cotidiano e identidade preta. Depois, mergulhou na dance music para discutir amor, masculinidade e futuro. Agora, em “Assaltos e Batidas”, ele resgata a linguagem crua dos boombaps dos anos 90, samples sujos, colagens com Racionais MC’s e Facção Central, e costura tudo com versos que soam como gritos de revolta e denúncia.

O curta-metragem que acompanha o álbum, dirigido por Renan 1RG e produzido pela Xeque Mate Estúdios, conta a história de Magrão, um jovem da favela que se vê entre o crime e a consciência política. Gravado em BH, com elenco formado por artistas locais e moradores das periferias, o filme amplia a potência da música de FBC, transformando-a em imagem, enredo e corpo. É uma experiência transmedial que reforça o compromisso do artista com a arte que provoca e transforma.

Assaltos e Batidas” é também um manifesto ideológico. Nas rimas de FBC, ecoa a ideia de que o poder precisa estar nas mãos do povo, e que o sistema atual — construído sobre desigualdade, racismo e exclusão — só pode ser desafiado pela organização popular. Há um espírito comunista atravessando o disco: não no sentido doutrinário, mas como filosofia prática da rua, onde a coletividade é resistência e a luta é diária. O discurso de empoderamento, a crítica às estruturas corporativas e o apelo à insurreição popular aparecem com força em faixas como A Voz da Revolução e Me Diga Quem Ganha, onde a música se torna ferramenta de consciência política.

Com esse novo trabalho, FBC reafirma seu papel como um dos principais nomes da música de protesto contemporânea no Brasil. “Assaltos e Batidas” é mais do que um disco: é um espelho quebrado que reflete as múltiplas faces de um país onde a arte ainda é trincheira.