Clinton Manigault ou melhor, Goony Googles como é conhecido e reconhecido na internet, tem um canal no Youtube que vive de arte brasileira, como música e o cinema. Os vídeos são todos como “React” e é um caminho que o Goony encontrou para adquirir conhecimentos sobre a cultura brasileira.
Eu conheci o canal do Goony graças a um amigo que me enviou e falou “caralho João, olha esse gringo reagindo a Racionais” e pronto, no primeiro vídeo o tipo de abordagem já tinha chamado toda minha atenção. Não suficiente, fui e comecei assistir todas reações de música do canal dele no Youtube.
Hoje o canal do Goony Googles ultrapassa a marca de 300 mil inscritos e tem mais de 25 milhões de visualizações no total, os reacts vão de músicas do Racionais MC´s a Tim Maia, além dos mais atuais como Djonga e as gêmeas Tasha e Tracie, além de filmes brasileiro, como é o caso de “Tropa de Elite” e “Cidade de Deus”.
Os “reacts” no YouTube surgiram como uma forma de compartilhar reações autênticas e espontâneas de pessoas assistindo a vídeos. A ideia começou a se popularizar e esses vídeos cresceram rapidamente devido à diversão de ver as reações das pessoas a conteúdos engraçados, assustadores, emocionantes e outros tipos de vídeos, como reagindo a primeira vez ouvindo uma música.
Na pandemia muitos canais de react musicais se tornaram populares, principalmente no Brasil, em um momento onde todos não tinham pra onde correr, sobressaiu a criatividade e a originalidade da pessoa abordar a música de uma forma jamais vista, diferente das demais. Esse foi o caso do Goony, em qualquer vídeo você sente a profundidade do assunto abordado aos olhos de um negro americano, amante da cultura hip-hop e que entende realmente do que está sendo falado ou abordado em cada faixa da cultura preta brasileira.
Hoje o Goony tem bastante fãs brasileiros, segue estudando a língua portuguesa, seja com músicas ou aulas e conversa com a RAPGOL Magazine sobre infância, música, encontro com o Racionais no EUA e muito mais, confira logo abaixo.
TRADUÇÃO POR: ARYANE GOUVEA
Clinton Manigault, better known by his online alias Goony Googles, as he is known and recognized on the internet, has a YouTube channel centered around Brazilian arts, encompassing music and cinema. His content consists of “react videos”, a chosen path through which Goony found to acquire knowledge about Brazilian culture.
I found out about Goony’s channel thanks to a friend who sent it to me and said “Fuck João, look at this gringo reacting to Racionais” and that’s it! In the first video the approach had already caught my attention. Not enough, I went and started watching all the music reactions on his YouTube channel.
Today, the Goony Googles channel exceeds the mark of 300 thousand subscribers and has more than 25 million views in total. The reactions range from songs by Racionais MC’s to Tim Maia, in addition to the most current ones like Djonga and the twins Tasha and Tracie. Goony Googles also engages with Brazilian cinematic gems such as “Tropa de Elite” and “City of God.”
The phenomenon of “Reacts” on YouTube emerged as a way to share authentic and spontaneous reactions as individuals engaged with various videos. The idea started to catch on and rapidly gained traction, driven by the enjoyment from seeing people’s reactions to funny, scary, heartwarming and diverse video content. This includes initial reactions upon listening a song for the very first time.
During the pandemic, numerous musical react channels gained popularity, especially in Brazil. At a time when everyone had nowhere to go and limited avenues for diversion, the creativity and originality exhibited by creators approaching music in a way never seen before, different from the others, stood out. This was notably the case for Goony, whose distinctive perspective in any video makes you feel the depth of the subject addressed through the eyes of an American black man and a lover of hip-hop culture, who really understands what is being talked about by each band of Brazilian black culture.
Today, Goony has a lot of Brazilian fans, and continues to study the Portuguese language, through songs or classes. He recently talked with RAPGOL Magazine about childhood, music, meeting Racionais in the USA and much more, check it out below.
PERGUNTAS EM PORTUGUÊS
RAPGOL Magazine: Salve Goony, obrigado por topar esse bate papo, tudo bem contigo?
GoonyGoogles: Eu tô bem! O RAPGOL foi uma das primeiras publicações musicais que segui nas redes sociais. Então, é muito legal ser entrevistado por vocês. Nunca imaginei que isso aconteceria.
RAPGOL Magazine: Aqui a gente sempre prefere iniciar a conversa com o início de tudo… como foi sua infância no EUA?
GoonyGoogles: Nasci no Brooklyn em 1985. Minha família fazia parte da igreja. No entanto, nessa época, o crack era pesado nas ruas. Minha família protegeu a mim e meu irmão dessas situações. Ao mesmo tempo em que o crack e o crime estouravam, havia uma onda de orgulho negro e africano. Meus pais garantiram que aprendêssemos nossa história. Junto com isso, fomos ensinados a respeitar a todos. Isso é decência universal, mas também é um mecanismo de sobrevivência.
RAPGOL Magazine: Como era o Goony na escola?
GoonyGoogles: A comunidade nos ensinou quem éramos e o poder que tínhamos. Minha escola nos ensinou sobre figuras africanas de todo o mundo e incutiu isso em nós. Começamos cada dia com o Hino Nacional Negro. Levante cada voz e cante. Isso pode parecer normal para as pessoas ao redor do mundo, mas eu moro nos Estados Unidos. Eles negam sua história e tentam encobri-la. Sou abençoado por ter chegado àquela região dos Estados Unidos naquela época. Parecia que os brancos não tinham voz no que aprendíamos na época. Eu era um nerd, então adorei isso. Adorei os assuntos que me permitiram ver a mim mesmo e às pessoas ao meu redor como realmente somos. As artes da linguagem, a história e a ciência me fascinavam. Eu fui bem na escola na minha juventude. Eu fui definido como uma criança talentosa. Os problemas vieram depois e fui informado que tinha TDAH. Isso começou a me afetar na adolescência.
RAPGOL Magazine: Você foi um adolescente rebelde?
GoonyGoogles: Eu era rebelde até certo ponto. Eu não era gangsta nem nada, mas achava a escola inútil. Eu já sabia a maior parte do que estava sendo ensinado e eu era diferente. Então eu simplesmente não ia. Nós nos mudamos para Columbus, Ohio, quando eu era pré-adolescente. Eu tive vários problemas. Eu matei muita aula e fui reprovado em algumas matérias. Muitas vezes fui suspenso da escola. Minha mãe se cansou da minha atitude e me mandou de volta ao Brooklyn para morar com meu pai. Durante o ensino médio não melhorou muito.
RAPGOL Magazine: Quando o Hip Hop entrou na sua vida?
GoonyGoogles: Falo sobre isso com frequência agora que faço reacts de música. Não há um momento que eu me lembre em que o Hip-Hop não tenha feito parte da minha vida. Algumas das minhas memórias mais antigas envolvem a música daquela época.
RAPGOL Magazine: Você lembra o primeiro rap que você ouviu?
GoonyGoogles: Não me lembro exatamente qual foi o primeiro rap que ouvi. No entanto, minha lembrança mais antiga de uma música é “Don’t Believe the Hype” do Public Enemy. Eu era muito jovem. Tão jovem que não entendia o que os adultos falavam na época. Mas, em um dos encontros de família, meu pai e seus irmãos estavam falando sobre como essa música era incrível. Lembro-me de ouvi-lo tocar e ouvir a voz de Chuck D. Imagine ouvir essa voz pela primeira vez quando criança. Você não pode acreditar que uma voz possa soar assim. veja, o som me tocou antes mesmo de eu entender a letra.
A primeira música que me fez apreciar a letra foi “Flava in Ya Ear” do Craig Mack. A versão original e o Remix.
RAPGOL Magazine: E o primeiro rap brasileiro que você ouviu, qual foi?
GoonyGoogles: O primeiro rap brasileiro que ouvi foi “Diário de um Detento”. Isso foi fascinante para mim na época porque eu tinha ouvido hip hop do mundo inteiro, mas nunca tinha ouvido rap brasileiro. Começar com um registro profundo como este em particular me colocou em um percurso. Na época em que ouvi o “Diário de um Detento” pela primeira vez, eu ansiava por novas músicas de hip hop com mensagens que destacassem a experiência pobre e negra. Mesmo sendo uma música mais antiga, é muito nova para mim e passou uma mensagem que não é superficial.
GOONY GOOGLES REAGINDO UM “DIÁRIO DE DETENTO”
RAPGOL Magazine: Como foi ver de perto a cena do hip-hop em Nova York?
GoonyGoogles: Na época, quase todos os aspectos da sociedade na cidade eram influenciados pela cultura hip hop. Até os policiais desprezíveis falavam como nós e tentavam se comportar como a gente. Falei sobre isso recentemente. Quando eu era criança, Nova York era fortemente influenciada por adolescentes que ouviam hip hop. Pessoas que não estão familiarizadas presumem que fomos influenciados pela música. Isso pode ser verdade em outros lugares, mas em NY a música foi influenciada por jovens que levaram a cultura adiante. Ouça, por muito tempo os brancos que se consideravam legais e inovadores em Nova York falavam, se vestiam e agiam como jovens garotões e garotos negros. Quando você é negro em Nova York e sai de casa, não está falando, se vestindo e agindo como alguém da cultura. Você é a cultura. Não moro mais lá, mas uma das principais coisas que sinto falta são as constantes discussões sobre o dogma do hip hop. As pessoas em NY realmente se importam com o hip hop. É tratado como uma cultura.
RAPGOL Magazine: Nova York foi o berço do hip-hop, assim como São Paulo é no Brasil. Quais são seus 3 MCs favoritos de NYC?
GoonyGoogles: Meus favoritos são Ghostface, Styles P e Biggie.
RAPGOL Magazine: A cena por aí não para de jeito nenhum… Existe algum artista dessa geração que queira compartilhar conosco para conhecermos? Se sim, qual ou quais?
GoonyGoogles: No que diz respeito aos novos rappers que estão bombando, eu acho foda o Larry June e Stove God Cooks. Larry June está nessa linhagem de Roc Marciano. Seu estilo é discreto, mas muito motivacional.
Stove God Cooks é um rapper de Syracuse, Nova York, que segue a tradição do coke rap. Como Rae e Ghost e o Clipse. Mas seu estilo é único porque ele é do estado de Nova York, mas não da cidade. Claro que todos estão familiarizados com Griselda agora.
Quanto aos artistas mais jovens, eu diria que o hip hop de Milwaukee é meu movimento favorito atualmente. Tem seu próprio som e estrutura. É de alguma forma divertido, mas o conteúdo é perigoso o suficiente para continuar divertido. O som que o Certified Trapper usa é um dos meus favoritos agora em Milwaukee.
RAPGOL Magazine: Somos um site que fala sobre rap, mas também adoramos futebol e o esporte em geral. Existe um lado atleta dentro de você? Ou você é daquelas pessoas que prefere sofá e Netflix?
GoonyGoogles: Quando eu quero fazer algo físico é a academia. Mas eu assisto alguns esportes. Agora que sou um YouTuber, não consigo assistir tanto quanto costumava. Meus times são o New York Giants no futebol americano profissional e o Ohio State Buckeyes no futebol americano universitário. Os Knicks são meu time da NBA, risos.
RAPGOL Magazine: Você gosta de futebol?
GoonyGoogles: Yo, quando eu era mais jovem, assistia a Premier League. Lembro-me de não saber de nada e me falavam que eu tinha que encontrar um clube para torcer. Eu vi Didier Drogba e disse tudo bem, esse mano voa, risos, lembro-me de vê-lo ganhar a Liga dos Campeões e ninguém que eu conhecia se importava, exceto eu. Agora não assisto tanto por causa do tempo, mas acompanho a tabela Premier League. Eu simplesmente não tenho tempo para acompanhar outro esporte.
RAPGOL Magazine: Algum clube brasileiro já chamou sua atenção?
GoonyGoogles: Yo, fui recrutado por fãs. Escute, como gringo, não sei se é inteligente para mim ser torcedor, mas há clubes que me chamam a atenção principalmente por causa da voz dos torcedores. Torcedores do Corinthians, Flamengo e Bahia já me contaram sobre a história dos clubes.
RAPGOL Magazine: Legal, agora voltando pra música e sua arte. A pandemia foi devastadora no mundo todo e ao mesmo tempo foi a época que você decidiu fazer vídeo para a internet, correto? Você acredita que os react te salvaram?
GoonyGoogles: Não tenho certeza se isso me salvou. Eu penso no passado e não consigo me lembrar o que finalmente me fez decidir começar um canal. As pessoas me disseram por um tempo que eu deveria começar um. Eu finalmente fiz. Meu plano nunca foi continuar a fazer react. Era fazer reacts até conseguir fazer ensaios em vídeo. Aprendi que o formato de ensaios não é para mim. Existem muitos grandes palestrantes e pensadores negros no YouTube. Eu encontrei meu nicho. Posso dizer que, de certa forma, ser um YouTuber é terapêutico, risos, você notará que às vezes eu reclamo durante meus vídeos.
RAPGOL Magazine: Você ficou conhecido no Brasil primeiro com os vídeos de react do Racionais, como foi encontrar o grupo nos EUA?
GoonyGoogles: Sim! É surreal. Em um momento, estou apenas vivendo a vida e “seguindo o fluxo”, como a gente diz. Então, no momento seguinte, estou encontrando figuras tão grandes. Havia uma aura, mas não era só por causa dos Racionais, era por causa dos fãs. Veja, eu posso ouvir e entender o quão profundo é o que eles dizem. Mas tem um contexto que me falta porque não sou brasileiro. Os fãs me educaram antes para que, quando os conhecesse, eu tivesse uma compreensão muito maior de quem eles são e o que significam para vocês. Quando chegou a hora de conhecê-los, estava ansioso risos, quando eles entraram no local todos os olhos foram para eles. Nada como ver a reação dos brasileiros ao ver Racionais ao vivo.
RAPGOL Magazine: Para nós brasileiros vemos Racionais como algo até maior que o NWA representa pra vocês… Como você define o Racionais na versão de um gringo?
GoonyGoogles: É interessante você apontar que os brasileiros veem o Racionais como algo ainda maior do que o NWA representa para nós. Quando me perguntam uma versão dessa pergunta, geralmente respondo que eles representam para os brasileiros o que o Public Enemy e o NWA significam para nós aqui nos EUA. Muitas vezes aqui, quando se fala sobre a experiência negra e como ela é representada no hip hop, as pessoas costumam tratar o NWA e o Public Enemy como opostos. Para o Brasil, o Racionais representa o que esses dois grupos representam para os EUA na forma de um grupo. Os aspectos de sobrevivência do poder negro e os aspectos ativistas do poder negro. Essas duas coisas não estão separadas, elas estão muito interligadas. Mas aqui nos EUA muitas pessoas os tratam como se fossem adversários. Como se os dois não existissem juntos na escuridão. Quando as pessoas veem Tupac, ficam fascinadas porque ele mostra os dois lados sem remorso. Você não pode ouvir “Ready to Die” e agir como se estivesse desconectado do resto da música de Biggie. O fato é que o Racionais permite que os brasileiros vejam uma ampla gama de negritude. Mesmo através de sua evolução ao longo do tempo, nunca parou; continuam expressando a negritude no Brasil.
RAPGOL Magazine: Nós conhecemos você graças a Youtube, mas, o que você trabalhava antes?
GoonyGoogles: Oh, eu faço cadeia de suprimentos. Eu acompanho os suprimentos. Eu pensei que o YouTube seria meu único trabalho agora.
RAPGOL Magazine: Hoje você consegue viver apenas com o Youtube?
GoonyGoogles: hahahaha, não. Presumi que com tantos seguidores eu seria capaz. Eu não reclamo disso. Questões de direitos autorais me impedem de fazer deste meu trabalho real. Também presumi que mais patrocinadores se aproximariam de mim. Alguns patrocinadores entraram em contato comigo. Fico feliz por eles. As pessoas me pedem para reagir a coisas diferentes o tempo todo. O que eles não percebem é que eu pago para postar as reações. Todos eles devem ser legendados e alguns deles precisam ser traduzidos.
RAPGOL Magazine: Quais artistas brasileiros você mais gostou de reagir e quais atualmente não saem das suas playlists?
GoonyGoogles: Os artistas que mais gostei de reagir foram Racionais, Djonga e Péricles. Se você vir essas reações, poderá ver o quanto as músicas me emocionam. Quanto aos artistas que não saem da minha playlist eu diria Racionais, Djonga, Emicida e alguns que ainda não reagi. Dona Ivone Lara, Mariene de Castro, Lia de Itamaracá, FBC & VHOOR.
RAPGOL Magazine: Você tem planos de vir ao Brasil? O que você tem mais vontade de conhecer por aqui?
GoonyGoogles: Eu tenho planos de ir. Quanto ao que mais quero conhecer, não posso responder. É um país grande e quero aprender muito sobre ele. Seria necessária uma outra entrevista para entrar nesse assunto lol.
RAPGOL Magazine: Gosto de sempre pedir indicações das pessoas que eu entrevisto, tem algum livro, filme, que você curte muito e quer compartilhar conosco?
GoonyGoogles: Uau. Eu não estava esperando esta pergunta. Eu diria para dar uma olhada na filmografia de Spike Lee desde o início até Bamboozled. Também Atlanta. Eles falam sobre a experiência negra nos Estados Unidos. No entanto, eles não são feitos para educar, eles são feitos para contar histórias que dão representações vívidas de quem somos.
RAPGOL Magazine: Os canais de react crescem cada vez mais e a cada minuto surge gente nova reagindo a diversos vídeos no mundo todo, você acompanha essa cena no geral? Tem alguma pessoa (canal) que chama sua atenção e queira compartilhar conosco?
GoonyGoogles: Observei alguns. Geralmente não eram sobre música. Se você notar, meu canal começou com reações a filmes e programas de TV. Até minhas reações à arte brasileira no canal GoonyGoogles começaram com filmes. Mas não tenho muito tempo para assistir.
RAPGOL Magazine: Acho que é isso, Gonny. Obrigado pelo bate papo, fique à vontade para deixar suas considerações finais.
GoonyGoogles: Obrigado por me entrevistar, eu agradeço muito por isso. Como eu disse, nunca esperei ser entrevistado para o RAPGOL. É ótimo ver que as pessoas percebem o que estou fazendo e pretendo continuar aprendendo sobre o Brasil e compartilhando essa experiência.
QUESTIONS IN ENGLISH
1 – RAPGOL Magazine: Hi, Goony! Appreciate you taking time to chat with RAPGOL. How are you doing?
Goony Googles: I am doing well. RAPGOL was one of the first music publications that I followed on social media. So this is dope for me to be interviewed by you. I never imagined that this would take place.
2 – RAPGOL Magazine: Here we always prefer to start the conversation with the beginning of everything… So, how was your childhood in the USA?
Goony Googles: I was born in Brooklyn in 1985. My family was very much a part of the church. However at this time crack was heavy in the streets. My family protected me and my brother from these situations. At the same time that crack and crime was popping there was a groundswell of black and African pride. My parents made sure that we learned our history. Along with this we were taught to respect everyone. This is common decency but it is also a survival mechanism.
3 – RAPGOL Magazine: How was Goony at school?
Goony Googles: The community taught us who we were and the power that we held. My school taught us about African figures from all around the world and instilled this in us. We started each day with the Black National Anthem. Lift Every Voice and Sing. This may sound normal to people around the world but I live in the U.S. They deny their history and attempt to whitewash it. I am blessed that I arrived in that region of the U.S. at that time. It felt as though white people didn’t have a say in what we were taught at the time. I was a nerd so I loved this. I loved the subjects that allowed me to view myself and the people around me as we truly are. Language arts, History and science fascinated me. I did well in school in my younger years. I was tapped as a gifted child. The problems came later and I was informed that I had ADHD. This began to affect me in my teenage years.
4 – RAPGOL Magazine: Were you a rebellious teenager?
Goony Googles: I was rebellious to some extent. I wasn’t no gangsta or nothing, but I found school to be useless. I already knew most of what I was being taught and I was different. So I would just not attend school. We moved to Columbus, Ohio when I was a preteen. I stayed in trouble. I skipped school and failed classes. I was often suspended from school. My mother had enough of my attitude and sent me back to Brooklyn to live with my Father. During my highschool years it wasn’t any better.
5 – RAPGOL Magazine: When did Hip Hop enter your life?
Goony Googles: I speak about this often now that I am a music reactor. There isn’t a time that I can remember when Hip-Hop wasn’t a part of my life. Some of my earliest memories surround the music from that time.
6 – RAPGOL Magazine: Do you remember the first rap you heard?
Goony Googles: I can’t remember what exactly was the first rap that I heard. However my earliest memory of a song is Don’t Believe the Hype by Public Enemy. I was very young. So young that I didn’t understand what the adults were speaking about at the time. But at a family function my father and his siblings were expressing how dope this song was. I remember hearing it playing and hearing Chuck D’s voice. Imagine hearing that voice for the first time as a child. You can’t imagine that a voice can even sound like that. You see the sound touched me before I was even able to understand the lyrics. The first song that made me appreciate lyrics was Flava in Ya Ear by Craig Mack. The original version and the Remix.
7 – RAPGOL Magazine: And the first Brazilian rap you heard, what was it?
Goony Googles: The first Brazilian rap that I heard was Diario de um Detento. This was fascinating to me at the time because I had heard hip hop music from all over the world but I had never heard Brazilian rap. Me starting with a profound record like this particular one set me on a course. At the time that I first heard Diario de um Detento I had been craving new hip hop music with messages that highlighted the poor and black experience. Even though it is an older song it is very new to me and it spoke a message that isn’t superficial.
8 – RAPGOL Magazine: What was it like to see the hip-hop scene in New York up close?
Goony Googles: At the time almost every aspect of society in the city was influenced by hip hop culture. Even the scumbag cops talk like us and try to carry themselves like us. I spoke about this recently. New York when I was growing up there was heavily influenced by teenagers that listened to hip hop music. People that are unfamiliar would assume that we were influenced by the music. That may be true in other places but in NY the music was influenced by young people that moved the culture forward. Listen, for a long time white people that considered themselves cool and forward thinking in New York were talking and dressing and acting like young black teenage boys and girls. When you are black in New York and you leave the house you aren’t talking like and dressing like and acting like someone from the culture. You are the culture. I no longer live there but one of the main things that I miss are the constant arguments over hip hop dogma. People in NY really care about hip hop. It is treated as a culture.
9 – RAPGOL Magazine: New York was the birthplace of hip-hop in the USA, just as São Paulo was to Brazil. What are your 3 favorite NYC MC’s?
Goony Googles: My favorites are Ghostface, Styles P and Biggie.
10 – RAPGOL Magazine: The scene doesn’t stop there at all… Is there any artist from this generation that you want to share with us so we can get to know you better? If so, which one or which ones?
Goony Googles: As far as new rappers that are poppin, I fuck with Larry June and Stove God Cooks heavy. Larry June is in that lineage of Roc Marciano. His style is lowkey but very much motivational. Stove God Cooks is a rapper from Syracuse, New York who is in that tradition of coke rap. Like Rae and Ghost and the Clipse. But his Style is unique because he is from New York state but not the city. Of course everyone is familiar with Griselda by now. As far as younger artists I would say hip hop from Milwaukee is my favorite movement currently. It has its own sound and structure. It’s somehow playful but the content is dangerous enough that it remains entertaining. The sound that Certified Trapper uses is some of my favorite right now out of Milwaukee.
11 – RAPGOL Magazine: We are a site that talks about rap, but we also love soccer and sports in general. Is there an athlete side to you? Or are you one of those people who prefers the couch and Netflix?
Goony Googles: Lmao. When I want to do something physical it’s the gym. But I do watch sports though. Now that I am a YouTuber I don’t get to watch as much as I used to. My teams are the New York Giants in professional football and the Ohio State Buckeyes in College Football. The Knicks are my NBA team.
12 – RAPGOL Magazine: Do you like soccer?
Goony Googles: Yo when I was younger I watched the EPL. I remember not knowing anything and I said I have to find a club to rock with. Yo I saw Didier Drogba and said alright this nigga fly. HaHa I remember watching him win the Champions League and nobody I knew cared except for me. Now I don’t watch as much because of time but I do keep track of the EPL table. LMAO I just don’t have time to keep track of another sport.
13 – RAPGOL Magazine: Has any Brazilian clubs/teams caught your attention?
Goony Googles: Yo I have been recruited by fans. Listen, as a gringo I don’t know if it’s smart for me to be a supporter but there are clubs that have caught my attention mainly because of how vocal the supporters are. Corinthians, Flamengo and Bahia supporters have let me know about the history of the clubs.
14 – RAPGOL Magazine: Cool, now back to music, the pandemic was devastating all over the world and, at the same time, it was the moment when you decided to make videos for the internet, correct? Do you believe reacts saved you?
Goony Googles: I’m not sure if it saved me. I think back and I can’t remember what finally made me decide to start a channel. People had told me for a while that I should begin one. I just did it finally. My plan was never to remain a reactor. I did reactions until I could bring myself to do video essays. I have come to learn that the essay format is not for me. There are way too many great young black speakers and thinkers on YouTube. I have found my niche. I can say that in some ways being a YouTuber is therapeutic. LMAO You will notice that sometimes I rant during my videos.
15 – RAPGOL Magazine: You first became known in Brazil with the Racionais reaction videos, how was it to meet the group in the US?
Goony Googles: Yo. It is surreal. One moment I am just living life and “going through the motions” as we would say. Then the next moment I am meeting such large figures. There was an aura but it wasn’t only because of Racionais, it was because of the fans. You see, I can listen and understand how profound what they say is. But there is context that I am missing because I am not Brazilian. The fans educated me prior so that by the time I met them I had a much greater understanding of who they are and what they mean to you. Once the time comes for me to meet them I am now anxious LMAO. Yo when they walked in the spot all eyes went to them. There is nothing like seeing the response of Brazilians to Racionais.
16 – RAPGOL Magazine: For us Brazilians, we see Racionais as something even greater than the NWA represents to you… How do you define Racionais in a gringo’s version?
Goony Googles: You pointing out that Brazilians see Racionais as something even greater than NWA represents to us is interesting. When I am asked a version of this question I usually answer that they represent to Brazilians what Public Enemy and NWA both mean to us here in the U.S. Here often when the black experience is spoken about and how it is represented in hip hop, people often treat NWA and Public Enemy as opposites. For Brazil Racionais represents what those two groups represent to the U.S. in the form of one group. The survival aspects of black power and the activist aspects of black power. These two things aren’t separate, they are very much intertwined. But here in the U.S. many people treat them as if they are opposing. As if the two don’t exist together in blackness. When people see Tupac they are fascinated because he shows both sides unapologetically. You can’t listen to Ready to Die and act as if it is disconnected from the rest of Biggie’s music. The thing is Racionais allows Brazilians to see a large scope of blackness. Even through their evolution over time it never stopped; they continue to express blackness in Brazil.
17 – RAPGOL Magazine: We know you thanks to Youtube, but what did you work before?
GoonyGoogles: Oh I do supply chain. I keep track of supplies. I thought YouTube would be my sole job by now.
18 – RAPGOL Magazine: Are you able to live from Youtube today?
Goony Googles: LMAO. No. I assumed that with this many followers that I would be able to. I do not complain about this. Copyright issues prevent me from making this my actual job. I also assumed that more sponsors would approach me. A couple of sponsors have reached out to me. Shoutout to them. People ask me to react to different stuff all of the time. What they don’t realize is that I pay to post the reactions. All of them must be subtitled and some of them must be translated.
19 – RAPGOL Magazine: Which Brazilian artists did you most like to react to and which currently do not leave your playlists?
Goony Googles: The artists that I most enjoyed reacting to were Racionais, Djonga and Péricles. If you see those reactions you can see how much the songs move me. As far as the artists that don’t leave my playlist I would say Racionais, Djonga, Emicida and a few that I haven’t reacted to yet. Dona Ivone Lara, Mariene de Castro, Lia de Itamaraca, FBC & VHOOR .
20 – RAPGOL Magazine: Do you have plans to come to Brazil? What do you most want to know around here?
Goony Googles: I do have plans on coming. As far as what I most want to know, I can’t answer that. It’s a large country and I want to learn much of it. It would take a whole other interview to get into that subject lol.
21 – RAPGOL Magazine: I always like to ask for indications from the people I interview, is there any book or movie that you like a lot and want to share with us?
Goony Googles: Wow. I wasn’t expecting this question. I would say take a look at Spike Lee’s filmography starting from the beginning all the way to Bamboozled. Also Atlanta. These talk about the black experience in the U.S. However they aren’t made to educate, they are made to tell stories that give vivid representations of who we are.
22 – RAPGOL Magazine: React channels are growing more and more and every minute new people appear reacting to different videos all over the world, do you follow this scene in general? Is there any person (channel) that catches your attention:
Goony Googles: I watched a couple of reactors. It usually wasn’t about music though. If you notice, my channel began with reactions to films and TV shows. Even my reactions to Brazilian art on the GoonyGoogles channel began with films. But I don’t have much time to watch anymore.
23 – RAPGOL Magazine: I think that’s it, Goony. Thanks for the chat, feel free to leave your final thoughts.
Goony Googles: Thanks for Interviewing me. I appreciate this. Like I said, I never expected to be interviewed for RAPGOL. It’s dope to see that people notice what I am doing and I plan on continuing to learn about Brazil and sharing that experience.