Diversas polêmicas envolveram o nome do Twitter depois que Elon Musk adquiriu a empresa. Entre demissões coletivas e quedas na bolsa, o sistema da gigante passou por diversas “panes”, o que fez com que os usuários brasileiros (o 4º maior mercado da empresa) procurassem por um lar mais estável para depositarem suas reflexões diárias. Com isso, o Koo apareceu na história. Com uma sonoridade duvidosa aos falantes da língua portuguesa, não demorou muito para que a população notasse a marca indiana e instaurasse o caos nas redes sociais. De forma orgânica, celebridades como Felipe Neto, passaram a usar o aplicativo e falar sobre ele em outras mídias, levando ainda mais notoriedade para a concorrente do Twitter.
Apesar da forte aderência em novembro e do sucesso midiático que envolveu o aplicativo, a marca perdeu força em dezembro. No último mês, por exemplo, a marca se manteve em alguns dias como o app mais baixado do paí. Entretanto, ela despencou e, hoje, não está nem entre os top 200.
Mas por que o Koo não conseguiu conquistar a preferência dos brasileiros?
Para Victor Paschoal, Head de Marketing Latam da plataforma de retenção e engajamento de usuários, CleverTap, o aplicativo não foi desenvolvido para escala e a jornada do usuário é frágil: “Apesar da instabilidade do Twitter, os brasileiros fugiram do concorrente em menos de um mês e deixaram diversas reclamações de instabilidade, além de criticarem a interface hostil da marca”.
Algumas estratégias poderiam ter sido priorizadas pelo Koo para evitar que isso acontecesse, como a utilização de tecnologias que mantém o funcionamento da plataforma e evitam problemas de instabilidade. Ao mesmo tempo, a plataforma não oferece nada novo. A única diferença notória é que a quantidade de caracteres por “post” é maior do que a da concorrente. O Koo permite 500 caracteres, enquanto o Twitter disponibiliza 280. Entretanto, Musk já adiantou que pretende mudar esse formato e aumentar o limite das publicações para 4.000.
Um outro ponto que afetou a decisão dos brasileiros foi em relação à política de “neutralidade” da empresa. Diversas polêmicas envolvendo o nome da companhia, que estavam escondidas na Índia, passaram a surgir com o crescimento do aplicativo no Brasil. Ao mesmo tempo que a marca é tímida no combate aos discursos de ódio, a plataforma é acusada de promover campanhas ao governo indiano.
“As pessoas não querem uma relação superficial com as marcas. Elas desejam criar um sentido no consumo de um produto, serviço ou tecnologia. Esse foi um dos motivos que fizeram com que os usuários abandonassem o Twitter, por exemplo: a falta de empatia da população com as políticas do Musk”, conta o especialista.
Apesar dos downloads do Koo não estarem crescendo da mesma forma como em novembro, o fato é que o aplicativo ganhou o conhecimento da população e seu aumento continua, mesmo que de forma mais sutil. “A grande questão será como as mentes por trás da marca irão solucionar os problemas técnicos vigentes e se elas se adaptarão ao perfil dos brasileiros”, finaliza Paschoal.