MC Poze do Rodo é transferido para Bangu 3 em meio a acusações de apologia e relação com facção

MC Poze do Rodo é transferido para Bangu 3 em meio a acusações de apologia e relação com facção

Gostou? Compartilhe

O cantor MC Poze do Rodo, nome artístico de Marlon Brandon Coelho, foi transferido nesta quinta-feira (30) para o presídio de Bangu 3, no Complexo de Gericinó, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. A prisão foi resultado de uma operação da Polícia Civil, que investiga o artista por suposta apologia ao tráfico de drogas e conexão com a maior facção criminosa do estado. Poze havia sido detido na manhã de quarta-feira (29) em sua residência no Recreio dos Bandeirantes.

De acordo com a investigação, MC Poze realizava shows exclusivamente em comunidades dominadas pela facção, onde traficantes armados com fuzis e outras armas de uso restrito garantiam a “segurança” dos eventos. As autoridades alegam que essas apresentações movimentavam recursos financeiros para o crime organizado, especialmente com a venda de drogas durante os bailes.

O inquérito também aponta que as músicas de MC Poze fazem apologia explícita ao tráfico, ao porte ilegal de armas e incitam confrontos entre grupos rivais. Segundo a polícia, as letras do funkeiro “ultrapassam os limites constitucionais da liberdade de expressão”, reforçando a acusação de que o artista não apenas canta, mas também fomenta a lógica do crime e da violência.

Criminalização do funk e do artista

O caso de MC Poze não pode ser visto de forma isolada. Ele se insere em um contexto histórico de criminalização do funk no Rio de Janeiro, onde o Estado insiste em responsabilizar artistas pela realidade violenta das periferias. Desde os anos 1990, o gênero musical tem sido alvo de operações policiais, censuras e perseguições, com artistas sendo enquadrados em acusações de apologia ao crime, mesmo quando apenas relatam as vivências da favela.

A prisão de MC Poze do Rodo reforça uma política seletiva que transforma o funk em inimigo público e marginaliza a cultura popular das favelas. Em vez de entender as músicas como um grito de denúncia social, as autoridades optam por silenciar vozes que incomodam, responsabilizando o artista pelo contexto que o cerca. A criminalização do funk é, portanto, mais um capítulo da criminalização da pobreza no Rio de Janeiro.