Nathy MC conversou com a RAPGOL Magazine nesta matéria de capa e revelou os segredos e inspirações por trás do novo álbum “Apetite”. Natural de Curitiba, Nathy MC compartilhou vários momentos que envolveram a criação do projeto, falou sobre a sua paixão pelo funk e sua conexão com as raízes do gênero, bem como a importância da representatividade na música.
Autêntica e consciente da representatividade que ela tem para a cena, Nathy MC expressa sua criatividade não apenas por meio da música, mas também em seu estilo único. Com planos empolgantes para o futuro, a rapper revela suas metas para 2024 e muito mais.
Prepare-se para uma viagem no mundo artístico de Nathy e sua mensagem central de “fome de vencer” que impulsiona seu desempenho.
CRIAA
RAPGOL Magazine – Nathy, “Apetite” é um título intrigante para o seu novo álbum. Pode nos contar qual foi a inspiração por trás desse nome e como ele se relaciona com as músicas do disco?
Nathy MC – Bom, a princípio não seria esse o nome do disco, mas eu queria que fosse um nome impactante e que conversasse bem com a minha história de vida. No momento de criação do nome eu estava refletindo muito sobre a diferença de “apetite” de pessoa pra pessoa, e isso me fez escolher esse nome.
RAPGOL Magazine – Ao longo do processo de criação deste projeto, você teve algum momento insight que influenciou significativamente a direção do álbum?
Nathy MC – A ideia em si a princípio eu tive com mais dois amigos, o Café e o Trap Daddy, a ideia central sempre foi fazer um disco de rap e dividir as faixas entre algumas de suas vertentes, o Trap Daddy comentou comigo sobre trabalhar o afrobeat e por incrível que pareça eu tenho uma track nessa pegada que fez muito sucesso gravada em 2009 “Na Minha Mão”, achei a ideia incrível pois me identifico muito com o ritmo e deu super certo.
Eu acho que somos muito o reflexo do que vivemos, e esse disco é prova disso. Meu último EP se chamava “Alone” e eu escrevi após enfrentar uma depressão e uma série de decepções. Nesse meio tempo também descobri parte da minha história de vida, e o autoconhecimento se tornou uma prioridade pra mim. Depois que superei essa fase eu entrei de cabeça no trabalho com a música, e passei a encarar tudo de uma forma mais profissional e entender meu real valor como ser humano e como profissional, isso influencia em tudo praticamente que eu faço e com o álbum não foi diferente.
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RAPGOL Magazine – Como você equilibra elementos de diferentes estilos para criar a sua sonoridade coesa?
Nathy MC – Olha eu já tô numa fase que não ligo muito pra o que os outros pensam ou vão achar se isso é coeso ou não, eu tenho mais de 20 anos de rap, 3 álbuns, 2 eps, 1 disco de vinil e mais 2 álbuns com o pulse 011, eu amo música e de verdade, hoje vou fazer o que tenho vontade.
RAPGOL Magazine – Sabemos que o funk tem sido uma influência crescente em sua música. Como essa aproximação com o funk enriqueceu seu trabalho e o que você mais aprecia nesta conexão?
Nathy MC – Eu sempre fui funkeira por incrível que pareça, antes do funk estourar em São Paulo eu ia pro RJ pra curtir um baile, fui muito no baile da Mangueira na época chamavam de “buraco quente”, eu ia na Uruguaiana só pra comprar cd de funk proibidão, em Sampa rolava baile da Mood e no Black Bom Bom, eu sou dessa época do funk. Sempre tive vontade de experimentar minha voz no funk e quando tive essa oportunidade não pensei duas vezes. A galera do funk é muito receptiva e muito prática, eu admiro muito isso. Acho importantíssimo que o país dê essa atenção para o funk, e pare de criminalizar e rotular a música, pois é um estilo musical nosso, 100% brasileiro. O funk, o rap, o samba são vozes do povo de periferia, a música conversa entre si, é uma besteira pensar de outra forma. Nós contra nós, nunca é ponto pra nós.
RAPGOL Magazine – Além da música, poderia compartilhar uma dica de leitura que tenha impactado sua criatividade ou visão de mundo recentemente?
Nathy MC – Eu sou um pouco falha no quesito leitura, deveria mesmo dedicar mais tempo nisso. Ultimamente tenho buscado muito por autoconhecimento, faço estudos e leituras sobre o tarô, astrologia, estudos bíblicos, espíritas, eu amo aprender, e aprender sobre nós mesmos é tão importante e impacta na nossa vida de uma forma muito positiva.
RAPGOL Magazine – Se você pudesse colaborar com um artista internacional, quem seria e por quê?
Nathy MC – Uma mina seria demais, Cardi B acho foda!
RAPGOL Magazine – Como a música pode ser uma ferramenta para conscientização e mudança, na sua opinião?
Nathy MC – A música é algo imbloqueável, não tem como você ouvir e ignorar, acredito que esse seja o grande poder dela. Acho que existem diferentes formas de você impactar as pessoas tanto com a letra como com a batida, você pode passar uma mensagem de superação ou de tristeza e o ouvinte se identificar com isso, ou apenas você pode transmitir alegria e diversão e fazer o dia de uma pessoa melhor. Ambas as formas são genuínas, a música é livre!
RAPGOL Magazine – Se você pudesse resumir a mensagem central que deseja transmitir com “Apetite” em uma frase, o que seria?
Nathy MC – A fome de vencer, reflete no meu desempenho
RAPGOL Magazine – Durante a produção do álbum, houve algum obstáculo criativo que você superou com o qual se orgulha? Pode compartilhar essa história conosco?
Nathy MC – A música de trabalho “Deixa Rolar” quando subi o videoclipe pro youtube eu tive um problema com o sample e tive que mudar tudo em 1 dia pra nao perder a data de lançamento, corri pro studio e o Bnon logo se prontificou em me atender alterar o sample, optamos por colocar um sint tocado mesmo para que nao houvesse mais nenhum tipo de problema.
RAPGOL Magazine – Existe uma faixa ou colaboração que seja particularmente especial para você?
Nathy MC – Muito difícil falar assim, estou tão satisfeita com o resultado que eu amo todas as músicas!
RAPGOL Magazine – Como você enxerga a importância da representatividade na música, especialmente para as mulheres e minorias? Como isso se reflete em sua música?
Nathy MC – Eu acho muito louco até aonde eu cheguei e como consegui abrir portas pra muita mina, quando comecei com o rap haviam pouquíssimas Mc ‘s hoje temos muitas meninas na cena. Acredito que o trabalho que fiz no passado impactou diretamente para o que temos hoje no mercado, só fico chateada por não receber o devido valor por isso, muitas vezes me sinto invisibilizada, acho que falta um pouco de respeito e consideração da galera da nova geração em relação a quem abriu caminho para eles estarem onde estão hoje.
RAPGOL Magazine – Qual é a faixa de “Apetite” que você acredita que mais desafia as expectativas dos seus fãs e por quê?
Nathy MC – Acho que a última track “marginal”, pois é um boombap sem refrão, algo que não se faz mais hoje em dia, mas eu adoro nadar contra a maré, nao quero ser mais uma na multidao.
RAPGOL Magazine – Você é conhecida por sua moda única. Como a moda influencia sua expressão artística e sua música?
Nathy MC – Eu venho da rua, do skate, da pixação, isso me trouxe muita influência de street wear desde pequena, ficando mais velha eu fui me encontrando também como mulher e consegui puxar um pouco desse estilo para um lado um pouco mais sensual, gosto muito de brincar com os estilos que eu gosto. Não uso algo porque está na moda, eu uso algo que eu gosto, que me sinto bonita, me sinto bem e que me identifico. A moda é uma forma de expressão, acho importantíssimo o artista ter carinho com sua imagem, eu prezo muito por isso em todos os meus trabalhos.
RAPGOL Magazine – Para 2024, além da música, quais projetos e metas você está ansiosa para alcançar?
Nathy MC – A meta principal é ser feliz, viver com saúde e ter pessoas queridas e de confiança por perto. Se eu puder trabalhar com o que eu amo, ótimo! Eu nao canso de aprender, eu amo aprender, tô com home studio em casa, quero desbravar mais os programas de gravacao e edicao, e aprender um pouco de tudo que se relaciona com o mercado da música, como artista independente é de extrema importância estar por dentro de tudo.
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RAPGOL Magazine – Muitos artistas têm um time de coração. Qual é o seu time, e como ele se relaciona com sua identidade e música?
Nathy MC – Bom eu sou de Curitiba, sempre torci pro Atlético Paranaense, mas quando vim pra São Paulo abracei o Santos com meu coração, dizem que o Santos é o time do rap, eu vejo como um clássico, eu amo clássicos, time do Pelé, você quer mais oque?
RAPGOL Magazine – Qual é o seu ritual antes de subir ao palco? Alguma superstição ou hábito que você sempre segue?
Nathy MC – Sigo conectada com Deus em todos os momentos da minha vida, sempre me conecto com ele, faço uma oração antes do show, peco direção, proteção, sabedoria e que tudo ocorra da melhor forma possível.
RAPGOL Magazine – Como você espera que seus fãs se sintam ao ouvir o álbum pela primeira vez?
Nathy MC – Espero que se sintam felizes, se conectem de alguma forma, com alguma música, o álbum tem rap, tem trap, tem afrobeat, é um disco versátil para que todas as gerações se identifiquem.
RAPGOL Magazine – Por fim, você já teve a oportunidade de se apresentar em lugares incríveis. Existe um local de sonho onde ainda não se apresentou, mas gostaria de fazê-lo?
Nathy MC – Acho que algum festival grande aqui no Brasil tipo um Rock in Rio seria incrível!