Por que a parceria com o Uruguai é crucial para a Nike?
Revelada em abril, mas anunciada oficialmente agora, a parceria entre a Nike e a seleção uruguaia finalmente se concretizou. Após estrear durante a última edição da Copa América, o Uruguai encerra uma relação de 15 anos com a PUMA, sua parceria mais longa até então. Agora, a Celeste passa a ser patrocinada pela Nike, em um momento de transformações internas significativas para a marca de artigos esportivos.
Embora ainda seja uma das maiores do mercado, a Nike perdeu parte do brilho que a diferenciava, especialmente entre meados dos anos 1980 até poucos anos atrás. Para recuperar esse prestígio que a consolidou como uma das marcas mais famosas e respeitadas do mundo, a empresa busca reformular seu portfólio de parcerias, tanto em termos de qualidade (vários atletas, principalmente futebolistas, migraram para concorrentes, reduzindo significativamente a lista de patrocinados pela Nike) quanto em geografia. Além disso, a marca tenta agir com timing estratégico, antecipando possíveis mudanças futuras, especialmente no que se refere a parcerias globais no futebol.
Há tempos circulam rumores de que a seleção brasileira poderia migrar para a adidas. Caso isso se concretize, a Nike perderia sua afiliada mais importante na América do Sul, com quem mantém laços desde 1997 e construiu um legado forte. Um exemplo disso foi a reedição da camisa da seleção brasileira da Copa do Mundo de 1998, com o número 9 de Ronaldo Nazário, lançada em meados de 2024. Com a adidas já patrocinando seleções como Argentina, Colômbia, Peru e México, a Nike agiu com antecipação ao garantir um acordo com o Uruguai, uma das seleções mais sólidas do cenário sul-americano. No que diz respeito a seleções, a Nike pode firmar novas colaborações no futuro, especialmente após o fim de seu contrato com Portugal, que deve migrar para a PUMA. Portugal é um importante player no futebol global, e essa mudança pode marcar um ponto de virada para ambas as partes. Quanto aos clubes, resta ver se a Nike reduzirá ou renovará radicalmente sua lista de patrocinados.
Já se sabe que, a partir da próxima temporada, a Nike deixará de patrocinar o Liverpool, clube que já assinou com a adidas. Agora, resta esperar qual será o time que substituirá os Reds no exclusivo grupo Tier 1 da Nike. Sinais importantes sobre as futuras estratégias de mercado da marca vêm de sua relação com Cristiano Ronaldo: embora o jogador continue usando as chuteiras fornecidas pela Nike e promova os produtos da marca em anúncios de outras empresas, como a Herbalife, da qual é embaixador, sua presença nas campanhas de comunicação da Nike vem diminuindo. Aparentemente, a empresa aceitou a ideia de perder um de seus maiores atletas, considerado um ativo valioso, provavelmente atrás apenas de Michael Jordan e Tiger Woods. Apesar da gigantesca base de fãs de Ronaldo, a Nike pode agora vê-lo como uma estrela em declínio, depois de patrociná-lo desde seus primeiros dias no Sporting Lisboa. Isso marca o início de uma fase de grandes mudanças para a Nike, cujos desdobramentos ainda estão por vir.
Criaa da Zona Oeste do RJ.
Comunicador, fotógrafo, colecionador de camisas de times e camisa 8 no time da pelada.
Trabalhando com notícias e informações desde 2002.