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RAPGOL Magazine bate um papo com Juyè. Após quase três anos de pausa a artista retorna à cena e fala sobre vida pessoal, seu corre profissional e muito mais em entrevista exclusiva

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juyè

Autor – ROGER MORAIS

Sem sombra de dúvidas, Juyè é dona de uma das maiores vozes da nova geração de artistas do Rap/Hip Hop nacional. De origem indígena do Norte do país, a cantora e compositora já reside por anos no Rio de Janeiro. E desde então vem produzindo trabalhos musicais de sucesso, que já alcançaram o patamar de milhões de acessos na plataformas digitais de áudio e vídeo.

Após praticamente três anos de pausa, Juyè acaba de retornar a cena com o lançamento de CAPITU, com participações de Akira Presidente, PACHC e instrumental de Triick. A obra traz um boombap com toques de R&B contemporâneo e conta ainda com um videoclipe referências ao universo LGBTTQIA+ e a aceitação dos corpos plurais.

A faixa é apenas a primeira de muitos lançamentos que virão ao longo de 2022. Juyè prometeu trazer ao público diversos feats aguardados pelos fãs e pelo público em geral. “Em 2022 eu quero mostrar uma nova Juyè, que nessa pausa de quase três anos na carreira reaprendeu a se amar e se sentir livre”. afirma

E nesta edição, a RAPGOL Magazine convidou a jovem cantora para um bate-papo. Em uma entrevista exclusiva, Juyè fala um pouco sobre o seu início como profissional, os obstáculos, a conciliação com a maternidade e sobre seus próximos trabalhos, além de trazer em primeira mão quais serão as participações de seu próximo som. Confira abaixo:

Agradecimentos: Dudu Pacceli / Plush Music

Fotos: Marília Pierro, Brenda

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RAPGOL Magazine – Primeiramente gostaria muito de agradecê-la por dispor de sua agenda e aceitar o nosso convite para essa entrevista. Conta pra quem ainda não lhe conhece de onde você veio, quando e como foi seu início na música.

Juyè Oi gente, muito obrigada pelo convite! Pra quem não me conhece, sou a Juyè. Hoje em dia gosto de dizer que sou uma nortista carioca (risos).

Pois vivi muitos anos da minha vida no Rio de Janeiro. Eu sempre cantei, porém passei muito tempo da minha vida só nas composições e back vocal. Entrei na cena no final de 2016 com a Cypher “Poucos Vão Entender” da 1KILO e fui migrando pelos lugares que me acolheram de braços abertos!

RAPGOL Magazine – No que você mais se inspira na hora de cantar ou compor?

JuyèOlha, eu amo compor com uma cervejinha ou um vinho, hoje em dia durante à madrugada por causa das meninas… Grande parte das minhas composições vêm das histórias amorosas dos meus amigos e até mesmo as minhas. Mas não vou negar que quando o instrumental bate legal, eu componho na hora! (risos)

RAPGOL Magazine – Quais são as suas maiores referências dentro da música?

JuyèEu cresci escutando a Maria Rita, Sandra de Sá, Clara Nunes e outras artistas femininas incríveis que conheci ao longo dos anos como a Negra Li, Dina Di, Lauryn Hill, Erykah Badu e outras…

RAPGOL Magazine – Quais você pode apontar como os maiores obstáculos enfrentados até aqui como artista profissional?

JuyèO desrespeito com o trampo feminino! Por muito tempo as pessoas sempre diziam que “artista x ou z” fez a minha carreira, ou que eu só tinha chegado lá por causa disso.

Acredito que seja uma via de mão dupla. Hoje em dia eu sei o talento que tenho e sei que pra chegar onde eu estou hoje, foi causa disso. Acho importante agradecer quem me abriu portas, mas sei que muito disso veio da minha voz, sabe…

RAPGOL Magazine – Você é mãe de duas crianças lindas. Como é conciliar o corre da artista com a maternidade?

JuyèPor muito tempo a maternidade me fez questionar se eu deveria continuar na música…

Eu quis permanecer na minha profissão que pagava as minhas contas e mantinha a nossa vida estável. Porém, percebi que as meninas amam me ver cantar – na maioria músicas das princesas, porque a plateia aqui em casa é difícil – (risos) .

Elas são muito musicais e isso me fez perceber que eu deveria continuar. Para que lá na frente, isso servisse de inspiração! Que elas pudessem se jogar e fazer o amam de verdade, sabe…

RAPGOL Magazine – Recentemente muitas pessoas utilizaram as redes sociais para falar sobre a falta de trabalhos envolvendo veteranos e rappers que estão em ascensão. Como você vê está junção e qual artista veterano você gostaria de trabalhar?

JuyèEu amaria ver as minas fazendo mais do que um simples refrão, para ser sincera. E eu amaria fazer um som com a Tassia Reis, Alt Niss, Negra Li, Flora Mattos, a lista é longa viu? (risos)

O RETORNO

RAPGOL Magazine – Você retorna à cena após aproximadamente 3 anos em hiato, e em meio a uma pandemia que vem assolando nossa sociedade. Como tem sido lidar com o lado pessoal e profissional nesse tempo? Podemos esperar uma nova Juyè?

JuyèEu digo que hoje em dia, sou uma nova Juyè. Tudo na minha vida mudou drasticamente, desde a perda do meu filho, até o resgate da minha autoestima. Tive que aprender a me dividir em mil, não só por causa das meninas ou por causa do trabalho…

A maternidade é linda, mas com ela vem à privação de sono, a solidão e tantas outras. Com isso eu acabei aprendendo à me escutar mais, amar mais e respirar 10 mil vezes mais (risos). É difícil, mas acredito que eu esteja conseguindo lidar bem.

RAPGOL Magazine – Você acaba de lançar seu mais novo trabalho, intitulado “Capitu”, com as participações de Akira Presidente e de PACHC, com produção musical de Triick. Nele você traz um boombap com toques de R&B, em referência ao universo LGBTTQIA+ e a aceitação de corpos plurais. Qual a mensagem que se busca passar? Quanto tempo levou e como foi o processo de produção?

JuyèApós várias gestações uma atrás da outra, meu corpo não conseguiu ter um descanso e isso mexeu muito com a minha autoestima. Eu tive que reaprender a amar o meu corpo e com isso eu acabei percebendo que precisava valorizar e bater na tecla da aceitação de corpos plurais cada vez mais.

Desde sempre nós mulheres somos induzidas a seguir padrões impostos pela sociedade e isso acaba fazendo com que busquemos dietas malucas ou remédios de emagrecimento… Esquecendo de que tudo na vida tem um processo, e dito isso, amar a si mesmo deveria ser o maior deles!

Hoje em dia ser LGBTTQIA+ não é mais um grupo em minoria. Seguimos crescendo, amando e vivendo na sociedade, por mais que muitos não estejam prontos para essa conversa. Sempre estivemos aqui, sabe… E sinto que ainda falta muito para sermos aceitos…

Eu sou bissexual, então esse ano quis abordar bastante esse tema em meus trabalhos. Não quis hiperssexualizar, porqueq sempre somos colocados nessa posição! Quis abordar da única forma que sei, através do amor.

A produção foi bem rápida, juntei os meus amigos com a mente da Marília (diretora do clipe) e fluiu da forma mais natural possível. Basicamente em quase todos os trabalhos visuais, os meus amigos estão presentes <3

RAPGOL Magazine – De todas as músicas produzidas por você até hoje, há alguma favorita?

Juyè“Lua” do Projeto “Proteja seus Sonhos” e sem sombra de dúvidas, “Lago Luciana”!

RAPGOL Magazine – Qual a sua expectativa quanto a resposta do público em relação ao seu retorno?

Juyè Eu espero apenas que eles se sintam bem ao escutar, e que de alguma forma eu possa ensinar que o auto cuidado e amar à si mesmo, sempre deverá estar em primeiro lugar!

RAPGOL Magazine – Poderia citar três artistas que, ao seu ver, merecem maior atenção e destaque por parte do público em geral?

JuyèThammi, Beli Remour e a PACHC.

RAPGOL Magazine – Nós costumamos a tratar de assuntos relacionados à música e ao lifestyle do futebol. Entendemos ainda que esse lifestyle está completamente associado ao Rap e demais estilos vindos da rua. Sendo assim, gostaríamos de saber as suas três camisas de time prediletas.

JuyèQuase todas do Flamengo (preciso ser honesta, teve umas que eu não sei se a marca gostava ou não do time, sorry adidas), Manchester United 14/15 as principais e a camisa da seleção da Nigéria 2018.

RAPGOL Magazine – Além de “Capitu”, podemos aguardar mais novidades ainda nesse primeiro semestre? Pode adiantar algo em primeira mão? (risos)

JuyèNão só podem, como devem (risos). Esse ano eu vou lançar apenas singles, com todo os artistas que a galera me pede. Eu estou muito feliz, pela primeira vez eu pude decidir e produzir da forma como eu gostaria…

Tenho um spoiler, o próximo som tem participação do Nill e da Ashira. Pronto falei, tô leve! (risos)

RAPGOL Magazine – Nós agradecemos mais uma vez pela nossa conversa. Qual a mensagem você gostaria de deixar para quem nos acompanhou até aqui?

JuyèPersistam nos seus sonhos. Eu sei que é difícil, mas nunca será impossível…

Valorizem os beatmakers, músicos e produtores, sem eles não existe música. Compartilhem os trabalhos de artistas que estão começando, compartilhem as matérias desde os portais pequenos até os grandes.

Estudem sobre direitos autorais, não assinem nada sem ler o contrato antes (risos). Muito Obrigada RAPGOL por abrirem essa ponte entre os seus leitores e o meu trabalho! Vocês são incríveis <3

foto perfil criaa

Criaa da Zona Oeste do RJ.
Comunicador, fotógrafo, colecionador de camisas de times e camisa 8 no time da pelada.
Trabalhando com notícias e informações desde 2002.