O Vasco promoveu neste domingo, em São Januário um amistoso entre uma seleção de refugiados e uma seleção de brasileiros. A partida foi em homenagem ao congolês Moïse Kabagambe, assassinado no Rio de Janeiro no mês passado. A família dele esteve presente.
Os dois times entraram no campo de São Januário com faixas e nas camisas a hashtag #JustiçaPorMoise. A família de Moïse entrou em campo e fez um tour pelo estádio, onde conheceu a história do Vasco na luta contra o racismo e o preconceito.
O Vasco aproveitou a oportunidade para lançar um manifesto em defesa dos imigrantes e refugiados.
“MANIFESTO EM DEFESA DOS IMIGRANTES E REFUGIADOS
As migrações são tão antigas quanto a humanidade. Desde os primórdios, pessoas se movimentam entre regiões, países e continentes, com diferentes motivações, ambições e dores particulares, buscando vidas melhores, estabilidade ou, tão simplesmente, resguardar suas vidas e a dos seus familiares.
As migrações sempre contribuíram para o avanço da humanidade. O enriquecimento cultural e a economia são diretamente beneficiados pelas movimentações populacionais, e o Club de Regatas Vasco da Gama é testemunha de tal realidade
Criado em 1898, o Vasco era tido como um clube de colônia – com orgulho. Portugueses
radicados no Rio de Janeiro, orgulhosos de suas tradições, fundaram um clube que refletia
sua própria identidade: profundamente portugueses e não menos brasileiros. O Vasco é um clube que reflete as migrações e o sonho por uma vida melhor.
Os fundadores do Vasco da Gama não tiveram vida fácil. Taxados de estrangeiros pelas elites
da época, como o diferente a ser afastado, o Vasco não recuou e trouxe para si outra bandeira histórica: a da luta contra o racismo. O clube pioneiro na inclusão de negros e trabalhadores em competições futebolísticas de alto nível no Rio de Janeiro já conhecia os caminhos da luta contra o preconceito. Luta-se contra o racismo com iniciativas de inclusão. É a mesma fórmula do combate à xenofobia, em favor de migrantes e refugiados de todo o mundo.
O Vasco da Gama se solidariza com todas as vítimas de racismo e xenofobia, e se insurge contra esses crimes. Casos como os de Moïse Kabagambe calam fundo na alma dos vascaínos e são ilustrativos das condições enfrentadas por pessoas que desejam oportunidades de vidas melhores e mais seguras.
Se o esporte é um espaço de mudança da sociedade, o combate ao racismo e à xenofobia
devem estar entre as prioridades de um clube que se orgulha de seu histórico de responsabilidades diante do mundo que o cerca. O Vasco da Gama convida a todos para uma reflexão e para que juntos possamos erradicar essas mazelas que envergonham nosso país.
Rio de Janeiro, 20 de fevereiro de 2022.
Criaa da Zona Oeste do RJ.
Comunicador, fotógrafo, colecionador de camisas de times e camisa 8 no time da pelada.
Trabalhando com notícias e informações desde 2002.