Renato relembra ‘Gran Dérbis’ de Sevilla
O grande Derby de Sevilla acontece neste domingo e a La Liga entrevistou o Renato.
O ex-volante era conhecido, ao longo de sua carreira, por ‘jogar de terno’ por sua elegância, habilidade e liderança em campo. Assim, o jogador brasileiro deixou sua marca no futebol espanhol. Foram sete temporadas defendendo a camisa do Sevilla FC, pela qual conquistou sete títulos importantes e, mais do que isso, virou ídolo da torcida por toda a entrega e, claro, por sua contribuição significativa nos clássicos intensos contra o arquirrival Betis – o chamado Gran Dérbi.
No domingo, 12 de novembro, os dois clubes se enfrentam pela 13ª rodada de LALIGA e o ex-jogador relembrou momentos marcantes desde sua chegada ao clube, em 2004, nos confrontos contra o grande rival. Renato, aliás, foi responsável direto por pelo menos uma vitória do Sevilla no clássico: em 2006, foi dele o gol da vitória por 3 a 2, em um duelo disputadíssimo.
“Eu comparo o Gran Dérbi com um Guarani x Ponte Preta, aqui no Brasil, por ser um clássico da mesma cidade. Na semana que antecede o clássico, na minha época, o pessoal pedia para os brasileiros não saírem, não se encontrarem. No Betis tinha Denilson, Marcos Assunção, Edu, Ricardo Oliveira. Pediam para não sair para almoço com eles, ficar em casa e aí depois que terminasse o clássico, podia se reunir. Sevilla e Betis respiram o Dérbi como uma semana de jogo especial, independente da classificação na tabela”, relembra.
Renato, hoje, é o terceiro maior estrangeiro em número de jogos pelo time espanhol – chegou a ocupar a primeira colocação quando atuava. O meio-campista não apenas contribuiu defensivamente no Sevilla, quebrando linhas e recuperando bolas com maestria, mas também deixou sua marca no ataque, fornecendo assistências decisivas e até mesmo contribuindo com gols cruciais em momentos-chave. Ao longo das sete temporadas, foram 286 jogos e 39 gols marcados.
A passagem de Renato pelo Sevilla deixa, até hoje, uma marca duradoura na história do clube, e os torcedores sevilhanos continuarão a lembrar com carinho dos momentos inesquecíveis proporcionados pelo talentoso volante brasileiro. E, para não ficar em cima do muro, Renato tem seu palpite para o clássico de domingo: “2 a 1 para o Sevilla”.
Confira alguns trechos da entrevista com o meia Renato:
Sevilla: período de conquistas e nome na história
“Para mim é um orgulho imenso ter feito parte. Eu falava sempre com o Luís Fabiano que fizemos o nível do Sevilla elevar. Fizemos parte dessa história e é diferente de você chegar em Barcelona, Madrid pela história dos clubes. O Sevilla estava na segunda divisão e conseguiu subir e já depois em 2004, 2005, 2006, ganhou Liga Europa duas vezes, ganhou do Barcelona e do Real Madrid na Supercopa da Espanha. É uma gratidão imensa. Só tenho a agradecer ao Sevilla pela oportunidade de ter jogado lá. Hoje o Sevilla já está em um nível alto de exigência, se não entrar na Liga dos Campeões ou na Liga Europa, aí sim a temporada é desastrosa. O Sevilla atingiu um nível de respeito na Europa.”
Gran Dérbis: apostas com brasileiros, encontros proibidos e o jogo mais marcante
“Os clubes pediam para a gente não se encontrar na semana, não sair para almoçar, para jantar, e só ficar em casa. Depois que terminasse o clássico, aí sim podia se reunir. Era assim uma das preocupações que tinha, do outro lado também existia isso. É um jogo atípico, diferente. Eram jogos para garantir a paz, poder ir ao supermercado sem ser cobrado. Às vezes, na semana do jogo rolava uma aposta. Cheguei a fazer com o Marcos Assunção, que quem perdesse pagava o jantar.”
“O jogo mais marcante foi quando eu fiz o terceiro gol, o gol da vitória (em 2006). Era a estreia do Rafael Sóbis no Betis. No finalzinho do segundo tempo eu fiz o gol. Esse foi marcante porque nos deu a vitória, dentro da nossa casa.”
Sérgio Ramos: o retorno do ex-companheiro para o Sevilla
“Quando eu cheguei, Sérgio Ramos, Jesús Navas e o Antônio Puerta subiram da categoria de base do Sevilla. O Sérgio jogava na lateral e na zaga. Um ano depois, ele foi para o Real Madrid. Uma pena, queríamos que ele ficasse. Depois conseguiu se concretizar e ser um dos melhores zagueiros do mundo. Já dava pra ver que quando novinho, com 18, 19 anos, ele ia ser um jogador diferente pelo o que você via em campo. Ele tinha muita força, tanto para atacar quanto para defender, a gente enxergava um menino muito aplicado. Quando subiu, extremamente simples, humilde, trabalhador, mas que tinha um potencial enorme.”
“Quando ele saiu, acho que foi meio incompreendido pela torcida, que ficou chateada. Mas hoje ele conseguiu se reconciliar com o torcedor, sabem da importância dele e ele volta mais experiente, muito vitorioso por tudo que conquistou na carreira. Fico feliz por ter voltado e espero que ajude o Sevilla, possa orientar os jovens e mostrar um pouco do que é o clube. O Sérgio é a cara do Sevilla”, afirma o ex-volante.”
Companheiros que marcaram época no Sevilla
“Além dos três brasileiros (Luis Fabiano, Daniel Alves e Adriano), eu acredito que o Kanouté foi um dos pilares. Jogador alto, que surpreendeu todo mundo nos treinamentos. Controlava a bola, sabia driblar. E outro que me marcou, que gosto muito, é o Julien Escude, francês. Pela técnica dele, sabia sair jogando, tinha uma qualidade no passe muito grande, sabia se posicionar muito bem.”
LALIGA: experiência para todos
“Eu tive que me adaptar aos campos da Espanha. O jogo era mais corrido, mais rápido. Jogar no Santiago Bernabéu, no Camp Nou, lotado, é outra atmosfera. Na Espanha, são partidas muito bem jogadas, e foi uma experiência incrível. Jogar LALIGA foi uma das sensações mais gratificantes que tive. A LALIGA é uma experiência que acho que todo jogador deve ter, pela qualidade dos clubes, dos gramados, a intensidade. O povo espanhol tem uma admiração enorme pelos brasileiros.”
Criaa da Zona Oeste do RJ.
Comunicador, fotógrafo, colecionador de camisas de times e camisa 8 no time da pelada.
Trabalhando com notícias e informações desde 2002.
