D$ Luqi lança “COLEUS”, álbum sobre rancor, amor, imperfeição e resistência

D$ Luqi lança “COLEUS”, álbum sobre rancor, amor, imperfeição e resistência
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 O aguardado álbum de D$ Luqi saiu, o projeto, que gerou expectativa com o single koi no yokan freestyle, confirma o rapper como voz central de uma geração que transforma dor em arte. Nove faixas cruas, produzidas por Raiashi, Jango, Vidari e outros, exploram temas como rancor, saudade e a luta por pertencimento — tudo envolto em batidas que oscilam entre o trap sombrio e o glitch hop dançante.

Em entrevista exclusiva, Luqi define o álbum como um diário aberto”“COLEUS é pra quem guarda mágoa no peito, mas insiste em dançar. Não é sobre ser forte, é sobre não ter escolha

AS HISTÓRIAS POR TRÁS DAS FAIXAS

O título COLEUS — referência à planta “Coração magoado” — sintetiza a dualidade do projeto. Na faixa de abertura, “Os humilhados serão exaltados”, Luqi mistura espiritualidade e revolta, citando versos como Nunca esqueci de quem tacou pedra quando eu tava por baixo / Quem me protege não dormiu, ele tá palmeado, uma ode à resistência negra e à justiça ancestral.

Já “Eu não aguento mais” é um retrato cru de um relacionamento em colapso: Você sempre vai tá certa, nunca tem conversa / Cê queria ganhar então venceu, enquanto o refrão repete, exausto, Eu não aguento mais, eu só quero paz. A produção de Pedrosa combina melodias melancólicas com um groove que convida à dança — paradoxo típico do álbum.

Em “Adrenocromo”, Luqi usa teorias da conspiração para falar de vícios emocionais: Ela suga adrenalina, sempre dilata a pupila / Como acompanho essa mina? Eu não sei como. A faixa, produzida por Raiashi, tem batidas industriais que refletem o caos de uma relação tóxica, culminando no verso “Com você me sinto em braços de Morfeu” — referência ao deus grego dos sonhos.

OS MOMENTOS QUE DEFINEM O ÁLBUM

“Corvos guardam rancor”: Considerada por Luqi “a alma do disco”, a faixa produzida por Jango é um hino de resistência. Corvos não esquecem seu rosto e guardam rancor / Quem me bateu já esqueceu mas eu não vou esquecer, declara, transformando humilhação em combustível: Eu te agradeço pelo cuspe que cê deu na minha cara / Me deu motivo pra lutar, agora o pretinho não para.

“Lucas tinha um sonho”: O interlúdio mais impactante do álbum narra a história de um jovem invisibilizado (“Lucas não era visto nem pelos seus próprios pais”) e ecoa estatísticas alarmantes sobre saúde mental na periferia. A faixa termina com o trágico “Lucas encontrou a tal famigerada paz”, acompanhada por um piano minimalista que amplifica a dor.

“Sublime nostalgia”: O fecho do álbum lamenta a perda de conexões reais em versos como Mensagens antigas no meu telephone / Criptografias de um tempo bom, enquanto sintetizadores etéreos criam um clima de saudade digitalizada.

POR QUE COLEUS RESSOA

Nascido em Duque de Caxias, Luqi constrói o álbum como um mosaico de suas raízes. Em “koi no yokan freestyle”, homenageia o Deftones (sua banda favorita) e as madrugadas de introspecção: Passava noites ouvindo ‘Swerve City’ e pensando em tudo que eu não conseguia expressar. Já “Segue o baile” mistura ironia e batidas aceleradas para retratar um amor falido: Me envolver contigo é kaô / Sempre fico magoado, cantarola, enquanto o refrão “Segue o baile” soa como um mantra de libertação.

O álbum também aborda a dependência digital (“Minha felicidade, uma notificação”, em “Sublime nostalgia”) e a incompatibilidade amorosa (“Pra que tanta briga? Isso não tem a ver”, em “Certas coisas eu nunca vou entender”), temas que ressoam com a geração Z.

FALA DO ARTISTA

Sobre a recepção do álbum:

Se alguém ouvir ‘lucas tinha um sonho’ e se sentir menos sozinho, ou ouvir ‘corvos’ e entender que rancor pode virar força, meu trabalho tá feito. COLEUS é um abraço pra quem nunca foi abraçado.”

Sobre o processo criativo:

Escrevi cada faixa como se fosse a última. Não tem metáfora bonita aqui — é sangue, suor e lágrima mesmo. Até as batidas foram escolhidas pra cortar, não pra agradar.”

CONFIRA D$ LUQI – COLEUS